2009-07-31

FAKÎR

"Por alguma razão", comentou Thomas Elffsberg, consultor de marketing da IKEA, "o novo beliche FAKÎR não está a ter muita saída."

Beautiful girl, lovely dress

Ter colegas estrangeiros tem destas coisas. Passei por um par em alegre conversa da qual apanhei as palavras "very nice bitch", provavelmente aquilo que na alemanha é considerado um elogio.

Poderiam alegar que ele teria dito "very nice beach", mas cada um ouve o que quer, e a minha versão é mais interessante.

Boas férias...

Deram-me hoje a notícia que terei de trabalhar duas semanas em Agosto.
Isto é, no dia em que entro de férias, dão-me a notícia que terei de interromper as ditas de 10 a 22 de Agosto, visto não haver ninguém para trabalhar nessas semanas. Se há coisa que detesto é fazer o trabalho de quatro pessoas e detesto pela simples razão de não ter tempo para fazer coisas, pois fazer coisas é giro. Genérico, vago.. mas giro.
Assim sendo, não dá para coisar, só mesmo para trabalhar. Quero coisar alguma coisa no bar e... impossível. Quero ir coisar na net e... impossível. Quero coisar algo divertido no Shopping, logo ali à porta, e... impossível. E mesmo coisar na cama é complicado, pois a minha mente encontra-se a tentar resolver os problemas inerentes ao dia seguinte. Uma maçada, como devem imaginar.
A tudo isto junta-se um gigantesco estado de raiva e inveja pelo facto dos meus colegas andarem por aí livres como passarinhos, a fazer coisas. Muitas coisas. Pela minha cabeça passam imagens deles aos saltinhos no campo. A darem festinhas a cães. A lavarem gatinhos. A jantarem fora, numa floresta cheia de pardalinhos. Enfim, até a mutilarem corpos putrefactos (sim, tenho colegas com gostos esquisitos). E eu sem conseguir coisar. Nem um milímetro de coisanços eu consigo praticar.
Como resultado, fico em enorme estado de infelicidade. Daqueles mesmo muito grandes. Épicos. Mexo-me e gemo. Escrevo e choro. Trabalho uma imagem e entro em estado de depressão. Basicamente, são duas semanas em que sentirei muita pena de mim próprio.
Já sei que me sentirei como um Pai Natal bem agasalhado, mas sem estar com frio e sem ser Noite de Natal.

2009-07-30

... a man with a tape recorder up his nose

como exóticas criaturas nunca antes vistas.

Aos nove anos, qual D. Juan arraçado de Casanova, já desflorava as filhas das porteiras dos prédios entre a Rua Sampaio Bruno e a Rua Tenente Ferreira Durão, envergando as velhas camisas do meu pai da década anterior, colarinhos proeminentes bem abertos mostrando os meus profícuos cabelos do peito que, como não os tinha meus, não eram mais que pedaços do tapete da sala colados com cola Cisne.

"Puta crime. Namba six. Iú uantórange? Ai guivórange." O meu charme não conhecia limites. Não sabia o que estava a dizer e nem elas, mas mais importante do que o que se diz é a forma como se diz. E o meu sotaque à Pepe LePew despertava nas meninas sensações que até então lhes eram desconhecidas e que sentiam uma irresistível vontade de explorar.

Lembro-me da primeira vez que a vi, o cabelo dourado ondulando ao vento, fumando encostada à paragem do 18. "Brincais por certo, Vénus, cruel deusa do amor", exclamei na minha cristalina voz ainda não afectada pela puberdade. Julieta, como descobri ser o seu nome, não só pelos quinze anos era um amor impossível, mas também por ser a irmã do meu arqui-inimigo de sempre, o Ramelas. Havia anos que nos degladiávamos na terra batida da pista de guelas, armados de abafadores e cebolas, o solo manchado pelo suor e pelo sangue de épicas batalhas que se estendiam do raiar da tarde até à hora do lanche. Sim, no fundo respeitava-o, era um adversário valoroso. Mas odiava-o com todas as forças do meu ser.

Desse dia em diante aproveitava todos os recados que fazia à minha avó para tentar vê-la, ao longe que fosse. Certa vez, ao voltar da padaria, procurei chamar a sua atenção atirando carcaças à sua janela, mas ela morava num terceiro andar, eu tinha nove anos, e os produtos de panificação são mais ineficazes enquanto projécteis do que se possa pensar. O resultado foi o esperado: ela não deu por mim e os meus pais comeram pão com terra ao jantar.

"Curioso", pensei eu enquanto raspava gravilha do papo-seco, "quão ténue é a linha entre o amor e a obsessão. Não serei eu senhor de mim próprio? Se controlo as minhas acções, porque não as emoções?" Certo é que olhava para o televisor e em vez da Makepeace via-a a ela; o cursor do Automan desenhava

2009-07-29

E as fardas das S.S. deviam ter lantejoulas

Quando ouvem falar em arco-íris e unicórnios em que é que pensam?


Exacto!

2009-07-28

Happy, happy, joy, joy

Há pouco mais de meia hora dei por mim à mesa com meia dúzia de colegas. Um mencionou uma notícia que tinha lido no Exame Expresso ao que outro respondeu com uma que havia lido no Jornal de Negócios e outro com as notícias que ouviu no rádio. Entretanto, eu, agarrado ao meu café, procurava na minha memória um episódio do Ren & Stimpy que fosse relevante para a discussão em curso, mas a única coisa que o meu cérebro me dava era a versão techno daquela música das Four Non Blondes, cujo título nunca soube e que não me apetece pesquisar, que ouvi ontem num vídeo de uma adolescente que se despia para a webcam que um amigo meu me mandou e que não me sai da cabeça. A sério, na lista de coisas que a humanidade precisa, versões techno de músicas das Four Non Blondes não me parece que esteja lá em cima. Era mesmo necessário? Não creio. Procurem antes maneira de fazer com que os atacadores me durem mais de um ano sem se partirem que é tempo mais bem empregue, senão qualquer dia venho trabalhar de chanatos.

Verificando que não tinha prestado atenção a absolutamente nada, quando procuraram a minha opinião sobre o assunto em discussão disse apenas "enquanto não se acabar com a impunidade com que certas e determinadas pessoas se movem, não vamos a lado nenhum", levantei-me e vim-me embora. Não sei sobre o que era a conversa mas soou-me bem.

Também gostava do Bocas.

2009-07-27

Tétrico

Sempre que vejo um programa de cantores amadores, sejam eles mirins, séniores ou pensionistas, penso na morte e no seu frio abraço - tão frio quanto o duche que tive de tomar esta manhã por não ter gás - e no sorriso de alívio que o meu cadáver teria estampado por me ter sido ceifada a vida em tão oportuno momento. Isto até começar a actuação do pequeno Saúl, que os meus pais se encarregariam de contratar para cantar no meu velório, um último "fuck you" como resposta ao meu desabafo "assim que puder ponho-vos num lar" que murmurei naquela noite de natal em que em vez de desembrulhar o barco pirata da Playmobil me saiu uma camisola de gola alta que me fazia comichão no pescoço.

E, para evitar isso mesmo, pensei que deveria desde já deixar aqui expressos os meus três desejos para esse momento da minha não-vida:

1. Serão contratadas carpideiras que deverão chorar copiosamente ajoelhadas junto ao meu caixão, gritando coisas bastante específicas, como:
- Ele era muito bom a jogar International Soccer no seu Timex 2048;
- As suas observações sobre o existencialismo de Kirkegaard eram simultâneamente espirituosas e iluminadas;
- Ele era um amante tão espectacular;
- Ele fazia um bacalhau à Zé do Pipo extremamente agradável.

2. Deverão encher os bolsos do meu fato com fogos de artifício. Assim quando me atirarem para o crematório as pessoas cá fora poderão apreciar todo um espectáculo de luz e cor.

3. As minhas cinzas deverão ser espalhadas sobre uma mesa de vidro e, com um cartão de crédito, divididas em linhas que todos deverão aspirar. Vão por mim, eu dou uma moca do caraças.

Lá vos espero.

2009-07-24

That's the 80's, baby !!!

Imagino a frustação do funcionário da editora em catalogar este tipo de música.
- Simples, acappella. Próximo...
- Não espera, afinal é música infantil.
- Aiiiii, afinal isto é rap.
- Fod..... agora tem violinos???



Depois de ver o final, entendo o Bin Laden... Espera, será que ele era o funcionário da editora?

Hey pig, yeah you

Foi feito circular entre todos, aqui no meu local de trabalho, um documento sobre a Gripe A, também conhecida como Gripe Suína ou SIDA dos porcos. Entre a descrição de sintomas e medidas de prevenção que podemos tomar, é-nos aconselhado que lavemos as mãos após, entre outras, as seguintes actividades:

- Ir à casa de banho
- Mudar uma fralda ou limpar uma criança que foi à casa de banho
- Mexer em lixo
- Ter mexido em água de esgotos

Vamos lá ver uma coisa: se é realmente necessário lembrar às pessoas que têm de lavar as mãos nestas ocasiões então não sei se essa é uma sociedade da qual eu queira fazer parte.

"Agora que cheguei do meu emprego na estação de tratamento de esgotos, na qual ocupo a posição de analista da mais infecta das águas por método de nela chapinhar, vou só ali limpar o infante borrado com esta lata de atum que encontrei no saco do lixo da vizinha do terceiro esquerdo não sem antes urinar, provavelmente, no lavatório."

Não sei onde vão buscar as amostras demográficas para elaborarem estas coisas, mas gostava de saber para evitar qualquer tipo de contacto, até o visual.

De isqueiro no ar

Nunca tive longos caracóis, loiros de mil sóis.
Nunca usei casacos com chumaços nos ombros.
Nunca fui fixe.

Nunca fui fixe

Nunca usei eye-liner.
Nunca dancei como se estivesse a nadar.
Nunca fui fixe.

Hello Dolly

Quando morrer quero ser enterrado directamente na terra, sem caixão, e depois quero que me reguem a campa regularmente até que nasça uma árvore de mins.

Qual Dolly qual carapuça.

2009-07-23

Millions of peaches, peaches for me

Não estarão já a abusar com essa coisa de adicionar sabores ao que não devem? Água com sabores de frutos, chocolate com sabor a toucinho, e toda uma miríade de produtos afins cujo expoente máximo, para mim, foi a cerveja sem álcool com sabor a pêssego.

Ponto primeiro: quem é que bebe cerveja sem álcool? "Ah, eu não quero álcool na minha cerveja." Não? Então beba água! Ou um Sumol de ananaz ou um Tang. Ou uma das outras milhares de refrescantes bebidas que são suposto não ter álcool. Agora uma cerveja sem álcool é como a primavera sem andorinhas ou um parque infantil sem pedófilos, não faz sentido.

Ponto segundo: quem é que bebe cerveja sem álcool com sabor a pêssego? Quem era suposto ser o público alvo deste produto? Homens que querem apreciar bebidas apessegadas mas acham que pedi-las é demasiado efeminado?

"Funcionário, por favor, eu queria uma cervejinha..."
"Imperial? Stout?"
"Err... pêssego."
"Hã?"
"Pêssego."
"Compal de pêssego?"
"Não..."
"Ice-tea de pêssego?"
"Também não."
"... Um pêssego?"
"Não, repare, uma cerveja, à macho e assim, mas com sabor a pêssego. E sem álcoolzinho, por obséquio."

É que se o objectivo era esse então o tiro ficou longe de acertar no porta-aviões. Aliás, num jogo de batalha naval seria o equivalente ao seguinte:

"... e C2."
"Hahaha. Tudo à àgua. Agora sou eu. X37!"
"Xis...?! Isso nem existe, pá."
"X37, já disse!"
"Pronto, ok, acertaste no tabuleiro de Monopólio. Afundaste-me o hotel da Avenida dos Combatentes."

O pior é que há profissionais altamente qualificados, com estudos e tudo, em bio-química ou electro-mecânica ou engenharia civil ou lá o que é, que só fazem isto. Enquanto outros procuram curas para o cancro, para a SIDA e para o herpes, descodificam o genoma e os canais de cabo que aparecem aos soluços na televisão e que não nos deixam perceber quantos actores é que estão de volta daquela artista, e desenvolvem novas formas de levar a humanidade mais além, rumo ao futuro, outros dedicam-se a estas coisas.

Fico ansiosamente à espera da vareta de óleo com sabor a lima-limão.

Álbum fotográfico II

O Sr. Antunes não teve coragem de dizer à sua filha que a boneca que esta havia encontrado no seu roupeiro não era o seu presente de aniversário.


"É uma Barbie Espantada", dizia ela contente e orgulhosa a quem a quisesse ouvir.

2009-07-22

Le Coq Sportif

Finalmente um programa de jeito na televisão: França - Suécia em futebol feminino sub-19. Mal posso esperar pelo fim do jogo para ver a troca de camisolas.

Jeg fikk ereksjon

Sempre fui daquelas pessoas que aparecia nas festas da vizinhança sem ser convidado. É isso que estou a sentir agora...
Só vim cá para vos deixar este video:


Depois de ver isto acredito que vivemos mesmo numa aldeia global.

Catalogue des prix d'amour

1915, quando os tempos eram mais simples e a pissette sur la quequette era o prato do dia:


E quem não gosta de dizer pissette sur la quequette? Todos gostam de dizer pissette sur la quequette!

2009-07-21

Notícias fresquinhas de 2007


2009-07-20

Star Knight - The Beginning

Depois de ter lido isto estou a trabalhar no guião daquele que será o melhor filme de todos os tempos.

Trata-se da história de uma nave espacial pirata chamada TITÂNICA, capitaneada pelo rebelde, perturbado, mascarado e ligeiramente efeminado Potter Sparrow, que procura recuperar o anel de Saturno, cujo ilimitado poder permite ao seu detentor tomar o controlo do universo, que caíu nas mãos do demente Jokeron Vader, o imperador malvado da galáxia Farfaraway. Não quero revelar muitos pormenores mas posso adiantar que no fim a nave pirata choca com um asteróide depois de uma brutal e espectacular luta com dinossauros espaciais.

O número do Jerry Bruckheimer virá nas Páginas Amarelas ou nas Páginas Brancas?

Álbum fotográfico

Aqui estou eu no Super Bock Super Rock 2005.

Não, mais à esquerda. Mais. Mais. Isso, o da manga azul.

2009-07-17

O admirável homem das neves

Se há indivíduo que eu não compreendo é o João Garcia. Chegou ao topo do Everest duas vezes. Duas! Fantástico, a sério. A minha pergunta é: para quê?

Ir lá uma vez? Com certeza. Conquistar a natureza, superar-se a si próprio e isso tudo, a vista magnífica do branco imenso, dos calhaus, dos corpos dos que morreram no caminho e do nevoeiro. Sim, é bonito, que eu já vi postais e um vizinho meu até tinha isso como imagem de fundo no ambiente de trabalho do computador antes de mudar para uma fotografia da jeitosa da Charlize Theron.

Adivinhem qual destas duas paisagens eu preferia escalar. Eu dou uma pista: não se chama Everest.


Mas uma vez não basta? Depois da primeira escalada, ao chegar à porta de casa, de picareta numa mão e meia dúzia de dedos dos pés na outra, percebeu que se tinha esquecido das chaves de casa lá em cima? Ou ele estava com os amigos na taberna a dizer "Pá, fui ao Evereste...", e os amigos logo "Eia ca mentiroso, ao Evereste, tu nem ao LIDL de Xabregas vais...", e ele "Tou-te a dizer, pá. Palavra. Até fiquei com o nariz assim, ó.", e os amigos a gozarem com ele "Chocaste foi de frente com a carrinha dos CTT montado numa Famel.", e depois foi lá acima outra vez só para tirar fotografias a fazer manguitos e a escrever o nome com urina na neve?

Mas se ele gosta assim tanto de desafios porque é que não experimenta subir à Simara ou ao Fernando Mendes? É o sobes, não é?

Errata

2009-07-16

Conta outra

Entrar no Conta-me Outra Estória foi como, depois de uma festa infantil, encontrar o Batatinha descalço, nas traseiras do externato, a fumar e a dizer ao Croquete que "escavacava aquilo tudo à Soraia Chaves com violência tal que até as marés se invertiam".

Isto porque descobri os nomes por trás dos mitos, e saber, por exemplo, que o A se chama Roberto, a CBlues Ana Sofia, o Grassa Fernando e o tiagugrilu José Miguel foi tal e qual como quando, aos dois anos de idade, me apercebi que me chamava Emídio e não Cutchi Cutchi. Imaginem que descobriam que o David Copperfield não atravessou nem a muralha da China nem a Claudia Schiffer ou que o Pai Natal é só um gordo alcoólico com tendências pedófilas que só arranja emprego nessa altura do ano em centros comerciais - o sentimento seria semelhante. O único que mantém a sua persona envolta em mistério é, claro, o PWFH. Mas ninguém me tira da ideia que ele se chama Sérgio ou Nélson. Sim, eu estou convencido que o PWFH é um d'Os Anjos.

O que é que virá a seguir? Revelarem que ninguém tem bigode?

2009-07-15

Ignorance Is Bliss

Muitos homens desejariam, por certo, ter o dinheiro do Bill Gates, as feições do Brad Pitt ou o pénis do John Holmes. Bom, não o pénis do John Holmes mas um igual, que o original já deve estar meio comido pelos vermes. Meio comido, sim, que ele morreu há pouco mais de vinte anos e a bicharada ainda não teve tempo de dar conta daquilo tudo - aliás, as vermes fêmeas, porque verme macho que é verme macho não toca naquilo, quanto mais pô-lo na boca, mas elas, ui, deve ter sido à fuçanguice, todas a gritar "primeiras, primeiras", mas em bichês, só para depois chegarem à conclusão que tiveram mais olhos que barriga, e o fantasma do John Holmes a dizer "Toma! PAM!", e elas a engasgarem-se e com as lágrimas a virem-lhes aos olhos e assim.

Mas estou a divagar.

Muitos homens desejarão todas essas coisas, mas não eu que sou um rapaz simples, do campo. Eu já me contentava em ter a lata, a persistência e a falta de noção de realidade daquele tipo que não desiste de tentar engatar uma colega minha levando-a a começar quase todas as frases por "o meu namorado".

Indirectas? Ele enfrenta-as, como Duarte enfrentava o perigo, com um sorriso nos lábios e uma corrente de ar entre as orelhas.

New Noise

"Espero que muito brevemente sejas exposto a uma anormal quantidade de radiação que te atrofie e seque os testículos de maneira a que a linhagem do teu lixo genético termine com a tua morte e que a humanidade jamais seja sujeite à tua prole acéfala" era o que eu devia ter respondido ao tipo que acabou de me dizer que "isso é muito barulho", referindo-se à música que estava a ouvir, e que "Carl Cox é altamente". Em vez disso ergui as sobrancelhas, fiz que sim com a cabeça e disse "pois é". E mais logo, no parque de estacionamento, vamos abrir os capots dos carros e comparar motores.

Anything amusing happened on the set of Schindler's List?

2009-07-14

Azeite, lã e mulheres

Eu gosto de Chocapic. Gosto mesmo muito. Sou capaz de fazer refeições inteiras à base disso. E, ao longo dos anos, tornei-me num autêntico mestre a juntar a quantidade perfeita de leite. Sou, vá lá, uma espécie de presidente do concelho de administração do deitar leite em delicioso cereal achocolatado.

No entanto, quando vou ao supermercado, procuro comprar apenas embalagens em bom estado e seladas. Nunca trago nenhuma que já esteja aberta - sabe-se lá quem é que já lá esteve a chafurdar e a espitrocar com os dedos!

E esse é também o princípio por trás da resposta à pergunta "Mas tu queres casar com uma virgem?"

2009-07-13

Quand je s'rai vieux, je s'rai insupportable

Se dúvidas havia de que estou a ficar velho (não havia) rapidamente desapareceram com a minha recente visita a um consultório de estomatologia. A dentista que me foi designada era, à falta de melhor descrição, uma criança. Uma criança com bata e óculos para parecer mais inteligente e crescida, mas uma criança ainda assim. Aliás, ela era tão nova que a primeira coisa que me ocorreu foi que ela estivesse no intervalo entre a aula de Geografia e a aula de Estudos Sociais. Tão nova que a segunda coisa que me ocorreu foi perguntar-lhe "Então pequerrucha, perdeste-te da mamã?"

"Então, Sr. Francisco, do que é que se queixa?", perguntou-me ela, juntando-se ao numeroso grupo de pessoas que se enganam no meu nome. Sérgio, Henrique, Firmino, Rodrigo - a lista de nomes que não são meus que me insistem em chamar é quase tão grande como a lista telefónica da linha de Cascais.

"Acho que parti um molar.", disse eu com um esgar de I'm-so-cool e um encolher de ombros como que a fazer crer que faço de andar à porrada a quebrar dentes próprios e alheios uma maneira de estar na vida.

"Vamos lá ver esse dentinho, então."

"Dentinho"? Caramba, sou um homem com mais de três décadas de vida, e os dentes de leite tem-nos a minha mãe numa caixinha lá em casa. E estamos a falar de um molar que já macerou a carne de muitos animais, alguns deles ainda vivos. Sim, vivos, que eu quando peço um bife peço-o "mal passado, ainda a mugir e a pastar".

Não basta ter-me ali de boca aberta, com um tubo na boca para não me babar, à mercê das suas mãos que deviam estar a brincar com plasticina em vez de máquinas de zumbidos infernais? É necessário humilhar os meus dentes reduzindo-os a "inhos" também?

Corta-palha, claro, cremalheira, com certeza, favolas, porque não?, mas dentinho?

2009-07-10

No. 1: The Larch

Numa altura em que os festivais de verão se começam a suceder e que, consequentemente, a música toma lugar de destaque, um nome salta de imediato à atenção colectiva. Exacto, Ruth Marlene.


Num trabalho há muito esperado, quer por fãs devotos quer por melómanos afins, Ruth, com agá e não com é, reúne o melhor do seu trabalho, decerto após detalhados estudos de mercado demonstrando que reunir o pior, apesar de teoricamente mais fácil, seria comercialmente ineficaz.

O disco, em vinil para os apreciadores mais puristas, em formato compacto para os admiradores mais práticos que pretendam apreciar a obra em viagens para a Costa da Caparica ou em cassete disponível em feiras e gasolineiras por esse país fora, apresenta o seguinte alinhamento:

01 - S.M.S de Amor
02 - Despe Despe
03 - O Melhor de Mim, o Melhor de Mim
04 - A Moda do Pisca Pisca
05 - Só à Estalada
06 - Coração, Coração Sem Dono
07 - Queres é Festa
08 - Encosta Que é Bom
09 - Please My Love
10 - Mexe, Mexe Que Eu Gosto
11 - É Show de Bola
12 - São Coisas Banais
13 - Truka-Truka
14 - Coisinha Sexy
15 - Beija-me Assim
16 - Quanto Mais Melhor, Quanto Mais Melhor
17 - Bora, Bora (Bora Daí)
18 - Coração Enganado (Marcado Para Sempre)


Ao olho mais atento, bem como ao negrito, não passará despercebido o piscar de olho - piada intencional - aos Monty Python patente em boa parte da obra. De facto, a repetição era um dos artifícios utilizados pelo grupo britânico e a incansável máquina de marketing que trabalha por trás de Ruth soube usá-la da melhor maneira cativando e providenciando entretenimento musical a vítimas de défice de atenção, gagos, e protagonistas do filme Memento, criando, ao mesmo tempo, êxitos tão memoráveis quanto duradouros. Afinal, quantos de nós podem honestamente dizer que não gostam de "Despe, Despe" e "Truka-Truka"?

2009-07-09

Destilo ódio

Nunca a frase "odeio essas peçonhentas mãos de bruxa e a obscenidade das tuas unhas" foi tão adequada a alguém como à senhora de meia idade maquilhada com duas demãos de Robialac e com unhas de gel multicoloridas demasiado longas até para a mãe do Freddy Krueger com quem me cruzei esta manhã.

2009-07-08

Dreaming, I was only dreaming

Já alguma vez deram por vocês a pensar que se calhar este mundo não é assim tão mau e que se calhar até é possível que haja algo como justiça divina, ou poética, ou de alguma outra natureza e que aquele idiota da mota que vai à vossa frente aos zigue-zagues e a sacar cavalinhos vai mesmo cair não tarda nada e, mentalmente, começam a ensaiar o depoimento que vão dar ao senhor agente da autoridade que vai tomar conta da ocorrência quando lhe passarem com a roda do carro por cima enquanto vêem no espelho retrovisor qual é a melhor cara a fazer e a certificarem-se que conseguem esconder o sorriso e a fazer contas de cabeça de quanto custará desempanar uma roda que tenha ficado com um bracinho lá entalado e a lamentarem-se por não conduzirem um UMM, um Defender ou uma betoneira, e a pensar que aquele indivíduo quando fala deve babar-se um bocadinho pelo canto da boca e que deve ter em casa uma t-shirt do Rock In Rio com nódoas de gordura daquelas que já não saem nem com Blanca e que quando era pequenino o pai dele devia bater-lhe com listas telefónicas na cabeça e que foi por isso que ficou assim, e quando dão por vocês já chegaram ao trabalho e afinal o mundo é mesmo assim mau e sem justiça?

Harvesters of sorrow



Bacon Flu

Hoje lamentamos o falecimento do nosso colega José António que pereceu num trágico acidente de trabalho, deixando-nos muito antes do seu tempo. Ontem pela tarde, à saída de mais uma reunião, José António espirrou.

- Constipaste-te?
- Acho que apanhei uma gripe, pá...
- Uma gripe A?!

Foi imediatamente abatido a tiro e o seu corpo incinerado. Que os seus restos tostados descansem deliciosos e em paz.

2009-07-07

A pois!...

Os alunos do Externato das Pedralvas que não têm Gripe A levarão falta de material?

I'll take the Pepsi challenge with that Amsterdam shit, any day of the fuckin' week

Sempre ouvi dizer que Amsterdão era encantadora por causa dos canais, da arquitectura, das prostitutas e da droga. Pois eu estive lá há uns anos atrás e quando liguei a televisão estava a dar "The Fan", por isso não me venham dizer que os canais holandeses são melhores que os nossos.

Quanto ao resto, nada a apontar.

Sois linda

Alguma vez pensaram "o que eu gostava mesmo era de dar um calduço ao James Blunt só por causa daquela musiqueta irritante do 'ió buriful, ió buriful'"?

Então fiquem sabendo que, quisesse o destino que os vossos caminhos se cruzassem, nunca seriam capazes de o fazer. Não é que vocês sejam pessoas civilizadas incapazes de qualquer tipo de demonstração de inimizade para com outro ser humano, nada disso, o problema é que esse senhor serviu no exército britânico, conduziu tanques e esteve no Kosovo como líder de dezenas de milhar de homens. O que provavelmente quer dizer que ainda vocês estavam a puxar o braço atrás e a fazer pontaria à nuca e já ele vos estava a deitar por terra e a arrancar-vos a traqueia ao mesmo tempo que gritava "iááááá".

E depois, no vosso velório, encarregar-se-ia de fazer com que a música fosse "ió buriful".

Destroy 2000 Years of Culture

Se, como eu, sempre acharam que o que faltava aos confrontos entre a polícia de choque e uma turba de manifestantes era banda sonora, então aqui têm os Atari Teenage Riot providenciando esse serviço.



Também estão disponíveis para animar festas de casamento e baptizados.

2009-07-06

3 (ou 4) passos para um fim de semana razoável

1. Telefonar à Megan Fox


"Olá, bebé. Ah, estavas no banho? Desculpa. Estou a incomodar? Não? Porreiro, pá. Olha, tenho um Transformer, queres ap... hã? Iá, iá, claro que sim, saio contigo, pois. Não, não me importo nada."

2. Arranjar um Transformer


"Claro que é um Transformer, está é disfarçado. Robots in disguise e isso. Pois. Achas que eu te mentia?"

3. Facturar


"Pfff... quatro minutos seguidos! Aposto que ficaste toda descadeirada!"

4. Levar a Megan Fox a casa (opcional)


"Vruuuuuuuuuuuuum"

2009-07-03

Rapidamente furioso

Gostava de voltar atrás no tempo. Não para matar este ou aquele ditador à nascença ou para dizer ao Oppenheimer para ir antes meter notas de dólar na cueca de bailarinas exóticas em vez de estar a mexer em coisas com o potencial de fazer Deus chorar.

Não.

Gostava de voltar atrás no tempo mas só uma década e meia, para dizer mais vezes coisas como "malaico" e "befe" e "aquela malaica tem um ganda befe".

Gostava de voltar atrás no tempo para me desviar daquela bola de vólei que me acertou, como se tivessem calculado a trajectória com régua, esquadro e compasso, mesmo no meio da cara, no pátio da escola, à frente de toda a gente e que me levou a reagir simplesmente encolhendo os ombros como quem diz "sim, estou habituado a levar boladas na tromba".

Gostava de voltar atrás no tempo e dizer "não, obrigado, não tenho nenhuma mesa a precisar de calços" quando me ofereceram um CD dos Bon Jovi.

Gostava de voltar atrás no tempo e perguntar à Inês, naquele dia em que ela tinha as calças de ganga da Benetton, os All Star verdes e a face adoravelmente corada pelo sol do primeiro dia de praia, se queria namorar comigo.

Mas, sobretudo, gostava de voltar atrás no tempo apenas três horas de maneira a não entrar nos Recursos Humanos e evitar ouvir a frase "o Fast and Furious 4 é bom" e subsequente revolta gástrica.

2009-07-02

Isaac Newton 1 - 0 Dennis Keith

Fiquei sem perceber se isto era magia, comédia ou uma demonstração da lei da gravidade...

Arte IV

Interpretação livre de Come With Me dos Zwan.


"Come with me..."

"Won't you come with me..."

"Come with me again"

2009-07-01

Pussy, pussy, pussy, come on in pussy lovers

O mal de ouvir The Who é que depois ando pelos corredores a cantarolar "that's a real good looking boy" sem dar por isso e acabo por perceber tarde demais porque é que, ao se cruzarem comigo, uns me lançam olhares de asco e outros passam a língua pelos lábios. Assim que dei pelo que estava a fazer fiz skip forward mental imediatamente mas infelizmente a outra música que tinha na cabeça era Sexy Boy dos Air.

Para compensar vou ouvir agora Evil Dick e KKK Bitch dos Body Count.

Sewer rat may taste like pumpkin pie but I'd never know 'cause I wouldn't eat the filthy motherfucker

A menos que estivesse a alucinar, o que, convenhamos, é bem possível, ontem à noite vi um anúncio da Vaqueiro cuja legenda era algo como:

Casa do Nuno
Melhor rolo de carne da Amadora

Vou deixar que sejam vocês a fazer as vossas próprias piadas porcas, como por exemplo: aqueles vaqueiros do filme Brokeback Mountain também gostavam muito de rolo de carne.

Vocês metem-me nojo.