2011-06-04

Dia de reflexão

Amanhã é dia de eleições. Eu gosto. Gosto muito. Adoro. É mesmo assim. Amo o período eleitoral. Não perco uma reportagem sobre as "arruadas" e, sempre que possível, assisto aos bons dos tempos de antena, sendo grande parte deles formidavelmente maus.
As reportagens sobre os líderes partidários também não me escapam, o mesmo acontecendo com os artigos publicados na imprensa escrita. A análise às sondagens assumem-se como preliminares do acto propriamente dito, daqueles mesmo, mesmo bons. Portanto, consumo tudo, de forma ávida, chegando a ser um pouco estranho.
No final, voto, claro está. É o orgasmo que marca o término de semanas de extremo consumo de informação. E faço a cruzinha com um enorme sorriso nos lábios, tentando controlar um sentido berro de prazer. Estranho mas completamente real.
A realidade é que tenho uma enorme atracção pelo acto de votar. O verbo também não deixa de ter o seu encanto. Falam em votos e lá estou eu. Tipo automaticamente, quase como surgindo do nada.
Puuuf!
"Então onde é que faço a cruzinha, meus amigos? Dêem-me o boletim! Preciso do boletim!!! Já!!!"
E amo perdidamente a canetinha BIC que se encontra presa por uma corda na cabine de voto. Olho para o objecto de escrita e até me vêm uma ou duas lagrimazitas aos olhos. A sério. vêm mesmo. A referida cordinha também é engraçada, apesar de ter sempre um aspecto algo sujo, facto este que nunca consegui compreender.
Só tenho pena de não votar mais vezes. Uma vez por mês seria de valor. Mas já ficaria feliz com uma ida às urnas trimestral, pois não sou muito exigente. Mas não. Tenho de me contentar com as presidenciais de cinco em cinco anos e com as legislativas, autárquicas e parlamento europeu de quatro e quatro. Muito pouco.
É por isso que pareço uma criança em noite de Consoada sempre que o governo cai ou no momento em que é anunciado um referendo. Belas prendas. Daquelas com lacinhos giros, embrulhadas em papel vermelho.
Enfim, sou o exemplo vivo de alguém que se encontra hiperactivamente apaixonado pelo acto máximo do sistema democrático. Não há nada a fazer.