2009-05-29

Muito macho

Nunca gostei de preencher impressos onde tivesse de indicar o sexo ou a nacionalidade.

O primeiro porque o meu nome - aquele que me deram sem me consultarem previamente - começa por efe e tenho sempre receio de me distrair e inadvertidamente indicar que sou fêmea causando confusão, e quem sabe até alguma excitação, entre inúmeros funcionários públicos. "Então esta cidadã chama-se Fradique? Isso provoca em mim sentimentos confusos aos quais decerto não será alheio o facto de a minha home page ser chickswithdicks.com."

O segundo porque fico sempre indeciso entre a resposta gramaticalmente correcta e a resposta masculinamente acertada. Se por um lado a minha nacionalidade é portuguesa, por outro eu, especificamente, sou português e como bom macho latino de homofobia recalcada não posso deixar que adjectivo ou substantivo algum me seja aplicado na sua forma feminina. Eu não sou uma boa pessoa, sou um gajo porreiro. Não sou uma mais valia para o meu empregador, sou um activo importante. Não sou uma catástrofe entre os lençóis, sou um amante espectacular.

Por isso, e não obstante o facto de fazer questão de anexar sempre uma fotografia de corpo inteiro completamente desnudo mesmo quando o documento não exige qualquer tipo de identificação pictórica, insisto em indicar que sou português daqueles a sério, do Benfica, com bigode e tudo o mais.

2009-05-28

Perdidos de amor

Acabou há duas ou três semanas a quinta temporada da série Lost, célebre pelos inúmeros mistérios de natureza sobrenatural que levanta e deixa sem resposta, nomeadamente o de como uma ilha consegue transportar da terra média até si um hobbit ou de como se pode recrutar para protagonista o Matthew Fox, um actor com tanto carisma como um recipiente Domplex.

Provavelmente este seria um Jack Shephard mais interessante.

Mas adiante.

Ora então, no último episódio os nossos heróis decidem rebentar com a ilha detonando uma valente bomba que ou era de hidrogénio ou atómica ou de mau cheiro, não sei, porque ao mesmo tempo que o estava a ver estava também a fazer a minha equipa do Yahoo Fantasy Football, que por sinal este ano me correu bastante mal e ainda por cima esqueci-me de mudar os jogadores para a última jornada e só fiz 32 pontos, a maior parte deles graças ao golo do Hugo Rodallega, e acabei por ficar em sexto lugar. Logo eu que até já fui campeão lá da minha rua.

Ocorreu-me agora que se calhar o facto de eu saber coisas como o nome de um ponta de lança colombiano do Wigan é capaz de estar relacionado com o facto de a minha vida social ser algo limitada. E por algo limitada quero dizer que só a rapariga da caixa do supermercado é que me dirige a palavra, e é para dizer "verde, código, verde."

Mas estou a divagar.

A propósito, se seguem a série e ainda não viram o último episódio cuidado que ali atrás há spoilers.

Voltando à bomba: o mais empenhado em levar para a frente a ideia "ei, e se rebentássemos isto tudo assim à laia de porque sim?" era precisamente o nosso amigo Matthew, e quando questionado sobre a sua motivação qual é que acham que foi a resposta?

A) Devolver esperança à humanidade;
B) Desfazer todos os males e reescrever o futuro (ou presente ou passado, já não sei bem);
C) Fazer uma sardinhada porreira;
D) Porque uma gaja lhe deu com os pés.

Se responderam outra coisa que não D) então parabéns, não sofrem de psicopatia, sociopatia, esquizofrenia ou estereofonia. Já o nada-mentalmente-desequilibrado do Jack, porque a Kate lhe disse que antes preferia frequentar locais onde ele não estivesse do que ficar a vê-lo respirar pela boca com ar sofredor sempre que ela lhe aparecia à frente, tomou a acção que lhe pareceu mais lógica: viajar 30 anos para trás no tempo e provocar uma explosão de proporções épicas. Bem sei que a rapariga em causa é jeitosa, mas caramba, é preciso fazer reset à humanidade?

Esta bomba também eu gostava de rebentar.
(Só para esclarecer, referia-me a fazer-lhe o amor à bruta.)

A sério, quantos de nós já não quiseram fazer algo de drástico depois de um desgosto de amor? Lembram-se do Tolan, o navio que encalhou no Tejo nos anos 80? Fui eu, depois de ter visto a Joaninha a dar gomas ao Rui Ranhoso. O incêndio no Chiado? Quando a Mafalda foi curtir com o Pedro, o Paulo e o Zé para casa dele. Podia dar mais alguns exemplos mas acho que os processos ainda não prescreveram e por isso prefiro manter um prudente silêncio. Mas acho que utilizar armas de destruição em massa já é exagerar um bocadinho, mesmo sendo a Evangeline Lilly. Mas isso sou eu.

Mas muito à bruta também não que isto não é para estragar.

2009-05-27

Arte III

Interpretação livre de Nini Dos Meus Quinze Anos de Paulo de Carvalho:

"Chamava-se Nini..."

"Vestia de organdi..."

"E dançava, dançava..."

O que se passou a seguir será melhor descrito pelos Bombeiros Voluntários da Charneca da Caparica...

2009-05-26

Ó Karen...

Sempre tive um fraco por mulheres com mau feitio e/ou com processos de raciocínio aparentemente desviados da banalidade. É por isso que, de uma ou outra forma, aprecio a Bjork, a Chan Marshall, a Buttercup e a Karen O. Também aprecio a Victoria Silvstedt mas por outras razões que agora não vêm ao caso. Quer dizer, agora assim de repente, e depois de fazer a pesquisa das fotos para linkar ao nome, as razões da Victoria parecem-me bem mais relevantes. Basicamente comecei este post com a intenção de declarar o meu amor incondicional por ti, Karen, mas neste momento sinto que a nossa relação está a avançar depressa demais e que se calhar, e para bem dessa mesma relação, talvez devêssemos dar um tempo, para explorar as nossas possibilidades e garantir que é mesmo isto que queremos. Percebes Karen? Percebes, não percebes? Eu sei que sim, [termo afectuoso delicodoce]. E vais ver que no fim, se for esse o nosso destino, ficaremos juntos e mais fortes que nunca.

Alguém sabe o indicativo da Suécia?

Queremos Paz

Quando o sistema de som do meu local de trabalho passa uma música que tenho no meu aiPode a conclusão só pode ser uma: deixei oficialmente de ser jovem e rebelde e passei a ser cota e parte do sistema opressor.

Por isso vão mas é trabalhar seus malandros!

Pequenas asas

Alguma vez se perguntaram como seria se o António Sala, os Bee Gees e os Ozone fizessem uma orgia, um deles emprenhasse e depois, durante a gravidez, tomasse quantidades industriais de ácido? Pois aqui está a resposta:

2009-05-25

Big Bang

Nunca fiz um teste de QI mas estimo que não seja menos de 500. "Não querendo de forma alguma questionar a veracidade dessa afirmação que, quando muito, pecará por modesta, em que te baseias para tal convicção?", perguntam vocês. Não obstante não ter apreciado o tom sarcástico da vossa pergunta, eis a razão: é que eu, ao contrário dos reconhecidamente inteligentes cientistas liderados pelo ilustre Sr. Oppenheimer no Projecto Manhattan, tenho o bom senso de não me pôr a mexer em coisas com o potencial de fazer cabum diminuindo a população mundial em cerca de meia dúzia de pessoas, ou talvez mais, no processo. E se por um lado isso facilitou a vida aos funcionários estatais que andam de porta em porta a fazer os censos - por haver menos gente e menos portas - por outro lado foi coisa que atrapalhou a vida a muito boa gente. Ou eles pensavam que estavam a fazer o quê? O fogo de artifício mais caro do mundo? Uma contribuição para o São João mais barulhento da história? A mais eficaz cura para soluços?

Numa nota completamente não relacionada com o tema da ciência a lixar a vida à humanidade em geral gostaria de lembrar que vão tentar recriar o Big Bang, portanto comprem aqueles óculos com uma lente vermelha e outra azul, não para ver o dito em 3D mas para quando estiverem cara a cara com o criador ele se rir de vocês, porque com a devassidão que decerto impera nas vossas vidas bem vão precisar que Ele esteja bem disposto.

Atraso telefónico

Adorava ter coerência para descrever o quanto me corrói por dentro que existam canais a passar atrasos mentais de programas como estes das sopas de letras em que uma pobre apresentadora é obrigada a despojar-se da dignidade e do cérebro para pulular estúdio fora enquanto enche chouriços para que pessoas tristes e sós possam ligar para lá numa ténue esperança de ter contacto com outro ser humano e de, talvez, ganhar uns cobres. Ou 700 contos, como disse agora a Liliana, porque a conversão para o Euro foi há pouco tempo e aquele "E" redondo mais os cêntimos em vez dos tostões ainda nos faz confusão. Mas já é tarde e eu estou acordado desde as 7 da manhã por isso não vou dizer nada. A não ser que me ocorreu agora que aquilo é mais ou menos como o Red Light District, porque está ali uma rapariga em exposição para as pessoas verem. Se bem que neste caso não lhe podemos tocar. E é ela que dá dinheiro aos outros. Portanto, não tem nada a ver com o Red Light District.

Publicidade enganosa

Comprei um livro que tem na capa, por baixo do título Assim Falou Zaratustra, a seguinte passagem:
"... Ele desceu da montanha e, falando ao povo, disse: - Anuncio-vos o super-homem, aquele que há-de dominar a terra."

Parei de ler à 28ª página quando, finalmente, percebi que não era um livro de aventuras do Super-Homem em que ele chegava por fim à conclusão de que tem os poderes de um deus e se auto-proclamava imperador do mundo, revelando Lex Luthor como um visionátrio e um paladino da justiça. Esse era o livro que eu queria ler, com super-vilões e não com velhos eremitas ché-chés.

2009-05-15

Parágrafos? Isso é para meninos!

Passar um serão em casa pode ser algo agradável, com a família reunida para jantar e depois jogar Scrabble, Monopólio ou Petroleiros. Talvez até Mikado, se ninguém sofrer de Parkinson. Ou então aninhado à pessoa amada em frente à lareira, sussurando doces palavras, o calor do fogo lambendo-nos a face e saboreando um bom vinho. Não que eu saiba o que isso é, porque não tenho lareira. Nem vinho. Tenho é sumo de frutos tropicais, não porque goste particularmente dessa variedade mas porque da última vez que fui ao supermercado me distraí e peguei na embalagem errada em vez da de laranja porque são muito parecidas e eu estava mais preocupado em escolher uma marca de água com gás para fazer mojitos em casa, coisa que também não fui capaz de fazer porque estava a olhar de soslaio para as garrafas de rum e acabei por trazer água tónica. A propósito, já beberam mojitos com água tónica? Não? Então experimentem. Ou então agrafem coisas ao céu da boca que tenho a certeza que vai dar ao mesmo. Mas estou a divagar. O triste ponto onde queria chegar é que, para mim, um serão em casa é ficar a fazer zapping deitado no sofá até adormecer. Mas esta ainda não é a parte mais deprimente. Não, essa parte é aquela em que eu, inadvertidamente, passo pela MTV - em tempos o M de MTV era de Music mas hoje em dia acho que tem um significado mais escatológico - e dou com um programa chamado A Double Shot At Love, em que duas raparigas, gémeas bissexuais e com muito amor para dar, procuram a sua alma gémea entre um grupo de candidatos de ambos os géneros decerto portadores de um rico sortido de herpes e hepatites de A a Z, porque, sejamos francos, não há melhor maneira de encontrar aquela pessoa especial, a tal que nos completa, do que num programa de televisão que promove badalhoquice e promiscuidade. Seja como for, apanhei esta novela da vida real precisamente quando um jovem com ar de quem teve de repetir a primeira classe mais que uma vez apresenta à sua família as senhoritas por quem se está a apaixonar loucamente - porque o amor é como as cerejas, vem aos pares. A páginas tantas a mãe ou o pai, ou qualquer outro familiar que tenha contribuido para aquilo que é com certeza resultado de consanguinidade selvagem, faz questão de referir que ele está muito mais calmo, maduro e pronto para assentar. E é aqui que a Júlia Pinheiro que há em mim se passa e desata aos gritos. Portanto... a avantesma que ali está chega a casa com duas gajas com ar e roupa de strippers, abanando-se como strippers e, regra geral, comportando-se como strippers e isso é sinal de que está pronto para assentar arraial e formar família? Isso quer dizer o quê? Que tenho como potenciais esposas todas aquelas emigrantes de leste a quem eu ponho moedas na tanga? Sim moedas, que a crise é para todos. Está bem que chocalha um bocado, e quando se penduram de cabeça para baixo no varão espalham tudo pelo palco e a Svetlana, inclusivé, já abriu um sobrolho com essa brincadeira, mas é melhor que nada, não? A sério MTV, se estiverem a ler isto - e eu sei que estão - façam um favor à humanidade em geral e dediquem-se a formar um culto daqueles que cometem suicídio em massa. Mas, se não se importam, passem já à parte do suicídio. É que só de saber que há ondas hertzianas a flutuar por aí com o vosso lixo dá-me náuseas. Vão lá que eu espero.

2009-05-13

Lisdexias

Quando tinha 7 anos desapareci de casa durante 9 dias, para grande alegria dos meus pais que imediatamente venderam todos os meus bonecos da Playmobil e alugaram o meu quarto ao amolador lá da rua.

Tudo porque em vez do Clube Amigos Disney fui ver o Clube Amigos Sidney.

2009-05-11

The Gentle Art of Making Enemies

Como sempre que me encontro em reuniões, apresentações ou acções de formação em que não sou eu a pessoa que está a falar o meu interesse é reduzido a níveis particularmente baixos e, consequentemente, entretenho-me a fazer aquilo que foi a base da minha carreira académica: bonecos. Como o meu dom para o desenho não é aquilo a que outros se possam referir como "existente" limito-me a artes abstractas ou, muito simplesmente, a formas de linhas rectas, sobretudo letras e números - a minha criatividade é singular; não tem par; é imparável.
Assim aconteceu recentemente e o estilo eclético da minha arte rapidamente captou a atenção da minha colega do lado que me perguntou o porquê de ter desenhado as letras MJ e o número 17. Como parte da minha filosofia de vida é negar que qualquer coisa que faça seja aleatória, sejam letras, números, insultos ou alegados abusos do pouco poder que tenho, e porque não quero que as pessoas pensem/percebam que a minha mente é um vazio estéril apenas comparável às planícies geladas da Sibéria, respondi que eram as iniciais da minha namorada, a Maria João. E que ela tinha 17 anos. O olhar que recebi foi algo entre um "ah, ok" e um "és um indivíduo asqueroso" porque, como mais tarde recolhi junto de terceiros, a relação entre um homem acima dos 30 e uma miúda (outras palavras utilizadas foram: menina, rapariguinha e tenrinha - esta última por mim) de 17 anos não é muito bem vista pela sociedade. "Mas estamos a guardarmo-nos", garanti eu. "Pelo menos até podermos alugar um barco e ir até águas internacionais, porque tenho quase a certeza que as coisas que eu lhe quero fazer são ilegais deste lado do inferno."

Dado o ar de mãe-preocupada-com-o-bem-estar-dos-filhos-dos-outros que detectei, espero, a qualquer momento, a visita das autoridades.