Parágrafos? Isso é para meninos!
Passar um serão em casa pode ser algo agradável, com a família reunida para jantar e depois jogar Scrabble, Monopólio ou Petroleiros. Talvez até Mikado, se ninguém sofrer de Parkinson. Ou então aninhado à pessoa amada em frente à lareira, sussurando doces palavras, o calor do fogo lambendo-nos a face e saboreando um bom vinho. Não que eu saiba o que isso é, porque não tenho lareira. Nem vinho. Tenho é sumo de frutos tropicais, não porque goste particularmente dessa variedade mas porque da última vez que fui ao supermercado me distraí e peguei na embalagem errada em vez da de laranja porque são muito parecidas e eu estava mais preocupado em escolher uma marca de água com gás para fazer mojitos em casa, coisa que também não fui capaz de fazer porque estava a olhar de soslaio para as garrafas de rum e acabei por trazer água tónica. A propósito, já beberam mojitos com água tónica? Não? Então experimentem. Ou então agrafem coisas ao céu da boca que tenho a certeza que vai dar ao mesmo. Mas estou a divagar. O triste ponto onde queria chegar é que, para mim, um serão em casa é ficar a fazer zapping deitado no sofá até adormecer. Mas esta ainda não é a parte mais deprimente. Não, essa parte é aquela em que eu, inadvertidamente, passo pela MTV - em tempos o M de MTV era de Music mas hoje em dia acho que tem um significado mais escatológico - e dou com um programa chamado A Double Shot At Love, em que duas raparigas, gémeas bissexuais e com muito amor para dar, procuram a sua alma gémea entre um grupo de candidatos de ambos os géneros decerto portadores de um rico sortido de herpes e hepatites de A a Z, porque, sejamos francos, não há melhor maneira de encontrar aquela pessoa especial, a tal que nos completa, do que num programa de televisão que promove badalhoquice e promiscuidade. Seja como for, apanhei esta novela da vida real precisamente quando um jovem com ar de quem teve de repetir a primeira classe mais que uma vez apresenta à sua família as senhoritas por quem se está a apaixonar loucamente - porque o amor é como as cerejas, vem aos pares. A páginas tantas a mãe ou o pai, ou qualquer outro familiar que tenha contribuido para aquilo que é com certeza resultado de consanguinidade selvagem, faz questão de referir que ele está muito mais calmo, maduro e pronto para assentar. E é aqui que a Júlia Pinheiro que há em mim se passa e desata aos gritos. Portanto... a avantesma que ali está chega a casa com duas gajas com ar e roupa de strippers, abanando-se como strippers e, regra geral, comportando-se como strippers e isso é sinal de que está pronto para assentar arraial e formar família? Isso quer dizer o quê? Que tenho como potenciais esposas todas aquelas emigrantes de leste a quem eu ponho moedas na tanga? Sim moedas, que a crise é para todos. Está bem que chocalha um bocado, e quando se penduram de cabeça para baixo no varão espalham tudo pelo palco e a Svetlana, inclusivé, já abriu um sobrolho com essa brincadeira, mas é melhor que nada, não? A sério MTV, se estiverem a ler isto - e eu sei que estão - façam um favor à humanidade em geral e dediquem-se a formar um culto daqueles que cometem suicídio em massa. Mas, se não se importam, passem já à parte do suicídio. É que só de saber que há ondas hertzianas a flutuar por aí com o vosso lixo dá-me náuseas. Vão lá que eu espero.
5 Comments:
o que nos tens escondido! não se faz.
E não é tudo... elas chamavam-se as Ikki Twins. Como em icky. Pelo menos não os podem acusar de fazer publicidade enganosa.
Suicídio em massa é um bocado esquisito. Faz-me sempre lembrar a bolonhesa do refeitório da secundária.
Ah, é verdade, e tal. Foste para ao coiso dos coisos lá do meu coiso, e coiso...
Um grande bem-haja para ti.
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