2010-11-29

Vanilli Ice

Estava a ouvir Milli Vanilli quando me apercebi de uma coisa: "porra, estou a ouvir Milli Vanilli!"

O futuro dirá se foi a tempo de evitar um caso de stress pós-traumático.

Ice ice baby

O meu gabinete é tão frio que o Alves me veio perguntar se podia ligar o aquecedor. Alves é o meu penguim de estimação.

Man was born to love, though often he has sought, like Icarus, to fly too high and far too lonely than he ought

Se eu soubesse que a vida era uma viagem tinha trazido GPS.

2010-11-25

Mom and dad this is Chasey, Chasey this is my mom and dad

Recentemente uma amiga convidou-me para a acompanhar a um casamento. Talvez receando que eu interpretasse o convite como um sinal de interesse - receio esse suportado, calculo eu, pelo facto de ainda antes de ela ter entoado o ponto de interrogação eu já ter as calças pelos tornozelos - apressou-se a justificar que era por não desejar apresentar o namorado à família.

Como o meu raciocínio evolui em curvas de 90º, lembrei-me logo da Eva Braun. Como é que se apresenta, aos pais, o Hitler como novo namorado? "Papá, mamã, este é o Adolfo. É pintor, escritor e político. Ah, e sanguinário ditador fascista. Também é um bocadinho sanguinário ditador fascista." Imagino que à inevitável apreensão paternal ela terá berrado, com as lágrimas escorrendo pela face, "vocês nunca gostam dos meus namorados! Mas nós gostamos muito um do outro e vocês já não mandam em mim!", tendo, depois, corrido porta fora e fugido na mota do seu amado (por motivos de ordem dramática, nesta imagem mental ele tem uma mota).

Não fosse aquele pormenor do suicídio e ela estava safa para o resto da vida. Qualquer outro namorado que viesse a ter teria sempre a justificação de que "pelo menos não é o Hitler."

Lições de vida

Não se masturbem antes de irem a locais que tenham luz negra. Ela está lá para vos provar que afinal não eliminaram todas as provas do que fizeram.

2010-11-19

Tambura Sr. Abel


As notícias relativas à complicada situação económica em que se encontra Portugal já chegaram ao Burkina Faso. E há pessoas solidárias nesse país africano. Pessoas que gostam de ajudar o próximo. Pessoas que gostam de dar a mão a quem se encontra em baixo. É o caso de Tambura Sr. Abel, auditor sénior InCharge (segundo o próprio), da filial de Ouagadougou de um tal Banco de África. Bom homem. Muito bom homem, ao ponto de me ter enviado um mail repleto de excelentes intenções, tendo como principal objectivo ajudar-me a ultrapassar a presente crise financeira. Coisa séria, portanto, sem qualquer tipo de intenção enganosa.
Comecei logo por amar a abertura da missiva, que demonstra enorme conhecimento da nossa língua...
"Eu supor que está tudo bem com VOCÊ E SEU família .por favor que isto não ser uma mensagem Surpreso por você porque tenho SUA informações de contato de semanas, o diretório internacional poucos anos antes de eu decidi contactá-lo em transação dessa magnitude e lucrativo para o nosso presente E SOBREVIVÊNCIA futuro na vida."
Excelente. Nota-se de imediato que se trata de coisa séria. Até lacrimejei. Tambura Sr. Abel supõe que está tudo bem comigo e com a minha família. E pretende que eu tenha uma "SOBREVIVÊNCIA futuro na vida". É bonito. Mas passando ao que realmente interessa...
"Decidi contactá-lo para essa transação financeira no valor de catorze milhões e duzentos mil dólares E.U. (14.2m) para o nosso sucesso presente e futuro. Trata de um fundo abandonada que pertence a um de nossos clientes de banco estrangeiro que morreu junto com toda a sua família ATRAVÉS Avião Bater."
Ora nem mais. 14.2 milhões de dólares, fruto da tragédia alheia. Lacrimejei mais um pouco. Uma família que morreu "ATRAVÉS Avião Bater"? Caramba. Soa a coisa realmente grave. E ainda mais sensibilizado fiquei ao ler...
"Quando O FUNDO se transferido para sua conta 35% serão para você IN relação a todos os ASSISTÊNCIA AO SEU transferência do fundo em sua conta e disposição da conta bancária onde BANCO encaminhará o FUNDO, 60% será para mim ser o pioneiro DO NEGÓCIO, enquanto o restante 5% serão compartilhados com respeitável ORGANIZAÇÕES caridade como e as casas DESTITUDES espalhados E.U. NO MUNDO."
É bonito. Tambura Sr. Abel, o pioneiro. Tambura Sr. Abel que até oferece cinco porcento da transacção a "respeitável ORGANIZAÇÕES caridade". Grande. Enorme! Um santo! Exijo desde já que ergam um local de culto em sua honra. Cheio de missivas das boas.
Trata-se do pior phishing de sempre. Pior ao ponto de ser magnífico. Amei! Ganhei a semana. Obrigado, Tambura Sr. Abel, de Ouagadougou.

2010-11-16

It's a jungle out there

An SUV driven a modest 10,000 kilometres a year, uses 55.1 gigajoules, which includes the energy required both to fuel and to build it. One hectare of land can produce approximately 135 gigajoules of energy per year, so the Land Cruiser's eco-footprint is about 0.41 hectares - less than half that of a medium-sized dog.

Then there are all the other animals we own. Doing similar calculations for a variety of pets and their foods, the Vales found that cats have an eco-footprint of about 0.15 hectares (slightly less than a Volkswagen Golf), hamsters come in at 0.014 hectares apiece (buy two, and you might as well have bought a plasma TV) and canaries half that. Even a goldfish requires 0.00034 hectares (3.4 square metres) of land to sustain it, giving it an ecological fin-print equal to two cellphones.


Posto isto, e porque diariamente nos é exigida responsabilidade ecológica, peguem num bloco, numa caneta e façam as contas ao que têm. Depois peguem numa tábua com um prego na ponta e vão equilibrar o ecossistema - pelo bem do planeta e dos vossos (futuros) filhos.

Eu, no caminho para o trabalho, parei no zoológico e fiz a minha parte. Uma girafa, dois koalas e uma mão cheia de lémures devem cobrir todas as minhas posses.

2010-11-10

The first of the gang to die

"Tinha acabado de estacionar o carro quando vejo, ao fundo do parque de estacionamento, o gang das motocicletas a incomodar uma indefesa colegial."

"Gang das motocicletas?"

"Sim, é uma espécie de Hell's Angels mas em pior. Gordos, barbudos e a cheirar a chulé, o tipo de indivíduos que assedia velhinhas e pontapeia cachorrinhos. Vocês estão a ver o género. Claro que fui lá socorrer a moça. Eles começaram logo «ah, vai-te mas é embora ó tipo extremamente bem parecido, que apesar de se notar que és claramente um espécimen a todos os níveis superior, não és páreo para o gang das motocicletas.»"

"E tu?"

"Eu ri-me. Ri-me e disse-lhes «deixem em paz essa jovem colegial de saia às pregas senão eu aborreço-me a sério. E vocês não me querem ver aborrecido a sério, gang das motocicletas.»"

"E eles?"

"Eles até estremeceram nas botas, mas o chefe deles, que se chamava Zé Miguel..."

"Zé Miguel? O chefe do gang das motocicletas chamava-se Zé Miguel?"

"Zé Miguel ou Zé Manel, não me recordo agora. Mas pronto, o chefe deles rosnou que eu devia ir-me embora porque senão o ninja deles batia-me."

"Havia um ninja?! No gang das motocicletas?"

"Sim, um tipo magrinho, tão magrinho que nem o tinha visto entre os outros gordos, todo de preto, vestido à... à ninja, vá, mas com um capacete debaixo do braço. Foi aí que eu comecei a ficar arreliado. «Pá», disse-lhe eu, «tu não te desgraces, sócio, que eu lixo-te a vidinha toda.» E sabem o que é que o tipo fez?"

"O quê?"

"Mandou-me com uma daquelas estrelas às pontas."

"Uma estrela ninja?"

"Isso."

"E acertou-te?"

"No ombro. «Ia bacano, o que tu foste fazer», disse eu assim já baixinho, que eu quando estou irritado falo mesmo muito baixinho. Saquei a estrela do ombro, atirei-a e acertei mesmo em cheio na testa do Zé Miguel. Pimba, três mortos logo de uma vez."

"Três?"

"Sim, atirei a estrela com tanta força que trespassou a testa do Zé Miguel, do que estava atrás dele e ainda se foi cravar no crânio de outro. Depois veio de lá o Cláudio..."

"O Cláudio?"

"Sim, o ninja, com espadas e pistolas."

"Espadas e pistolas?"

"Sim, espadas e pistolas."

"Mas quantas?"

"Bués, que o tipo era mesmo ninja, tipo daqueles de Shaolin mas cruzado com o Charlton Heston."

"E tu?"

"Eu desviei-me das balas todas menos de uma, que parei com os dentes, e quando tive uma aberta aviei-lhe um soco na garganta e uma cabeçada no queixo. Ficou-se logo ali."

"E o resto do gang?"

"Oh, uns desmaiaram com o medo, outros fugiram."

"E a colegial?"

"Quando saí de casa ainda estava a dormir."


E, mais coisa menos coisa, é isto que conto aos meus colegas quando me perguntam a origem do galo e do hematoma que hoje ostento na testa. Ainda assim, a vocês, deixo os seguintes conselhos: 1. nunca andem às escuras numa casa que não conhecem bem, e 2. seja com ou sem luz, não abram caminho com a testa.