2011-01-12

The Call of Cthulhu

No outro dia vim para o trabalho de carro emprestado. Um carro quase novo, silencioso, suave, cheio de luzinhas e apitos.

Não gostei.

Não gostei porque estou habituado ao meu carro, um carro à homem, daqueles que é preciso carregar com força (de homem!) nos pedais para andar e para travar. Um carro que é a versão mecânica daquilo que um homem deve ser: é bruto, cheira mal e bebe demais.

Com o meu carro não há cá dessas mariquices de "ah, é tão suave que nem dás pela velocidade se não olhares para o conta-quilómetros." Não, no meu carro quando vamos a 100 Km/h parece que vamos a 250 Km/h, o motor ronca ruidosamente, as moedas do troco da portagem tilintam freneticamente e tem-se a sensação de que a qualquer momento a coluna de direcção se vai partir e que vamos todos morrer numa espectacular bola de fogo. Quando vamos a 120 Km/h estremece por todos os lados, as crianças têm de ir amarradas aos assentos para não serem projectadas contra os vidros e temos a distinta impressão que vamos, a qualquer instante, viajar no tempo ou atravessar um portal para outra dimensão direitinhos às mãos de Cthulhu. É como viajar no space shuttle mas sem capacete.

Porque o meu carro é um carro d'homem! Com uma flor estampada atrás.