The Call of Cthulhu
No outro dia vim para o trabalho de carro emprestado. Um carro quase novo, silencioso, suave, cheio de luzinhas e apitos.
Não gostei.
Não gostei porque estou habituado ao meu carro, um carro à homem, daqueles que é preciso carregar com força (de homem!) nos pedais para andar e para travar. Um carro que é a versão mecânica daquilo que um homem deve ser: é bruto, cheira mal e bebe demais.
Com o meu carro não há cá dessas mariquices de "ah, é tão suave que nem dás pela velocidade se não olhares para o conta-quilómetros." Não, no meu carro quando vamos a 100 Km/h parece que vamos a 250 Km/h, o motor ronca ruidosamente, as moedas do troco da portagem tilintam freneticamente e tem-se a sensação de que a qualquer momento a coluna de direcção se vai partir e que vamos todos morrer numa espectacular bola de fogo. Quando vamos a 120 Km/h estremece por todos os lados, as crianças têm de ir amarradas aos assentos para não serem projectadas contra os vidros e temos a distinta impressão que vamos, a qualquer instante, viajar no tempo ou atravessar um portal para outra dimensão direitinhos às mãos de Cthulhu. É como viajar no space shuttle mas sem capacete.
Porque o meu carro é um carro d'homem! Com uma flor estampada atrás.
37 Comments:
Não te sabia admirador dos pets do Sr. Lovecraft.
A flor estampada na traseira é o toque de classe, embora também aprecie de sobremaneira as Penélopes...
Infelizmente não tenho espaço em casa para ter um, a menos que o deixasse na varanda.
Penélopes? Mas quê?, Cruzes? Pensava que eram Janis Joplins.
Na varanda não, que o bicho é de barro cru e a humidade faz-lhe mal. A não ser que tenhas marquise.
Isso até arranjava, mas depois também tinha que o levar a passear logo de manhãzinha e isso...
Oh, punhas-lhe um caixotinho de areia ou uma folha de jornal...
E dou-lhe o quê para comer? Restos? Whiskas? Pedigree Pal? Almas de inocentes?
Restos não são uma alimentação equilibrada!
O teu carro é o Afeganistão?
O carro do meu cunhado é assim, ele recusa-se a trocar de carro. Sempre que o conduzo, o carro, saio de lá com a sensação de que sofro de parkinson, é bestial!
Ficava bem uma música de fundo para o teu post.
Gata,
Como não? E se forem restos de uma refeição equilibrada?
Nawita,
A banda sonora é vendida em separado.
Restos de uma refeição equilibrada? Mas afinal a varanda onde vais encafuar o bichinho não é em tua casa?
Mau... lá porque não como brotos de bambu e cubos de soja - ou lá o que é que tu comes - não quer dizer que não tenha uma alimentação equilibrada.
o meu carro chegou agora aos 18 anos, já bebe mais que eu! faz montes de barulho, às vezes começa a chorar gasolina e a ligar luzinhas no tabliê para mostrar que gosta de mim, é mesmo bêbado.
agora está com um furo na panela e faz um barulho todo racing!
Põe-lhe um autocolante a dizer "Porshe Engineering" e uns neons por baixo e já podes ir para o picanço.
Uma refeição equilibrada não é jantar sentado na borda da varanda com um copo no cotovelo e o prato na cabeça, já te tinha explicado isso...
A,
18 anos?
Bolas, mas tu conduzes desde que idade? 8...?
Ele gosta dos carros como gosta das mulheres - com 18 anos.
Ou com um furo na panela, não sei...
Desculpem, ali atrás eu queria dizer "gajas", não "mulheres". Fica a correcção.
... e entrega dos testes de avaliação.
Pelo menos são maiores.
De idade.
Se são maiores do que ele ou não, não sei, que eu cá não sou de intrigas.
AD,
pelo andar da carroça, não deve ser só a banda sonora que vem à parte.
Gosto muito do Roberto mas confesso que
prefiro esta.
A,
e tu vais de Alfama até FJZ nesse carro?
claro que não gata, eu conduzo desde os 5, só tive o carro 3 anos mais tarde.
várias vezes, nawita! quando estava em coimbra, deixava-o sempre em sítios íngremes, para quando tinha de ir para casa poder empurra-lo para a descida e depois saltar para dentro dele em andamento e depois fazer pegar o motor. a bateria está morta há anos.
ah ah ah ah ah ah ah
ó Vogal mai linda, com quem pensas que estás a falar?
bateria morta?
vê lá as velas, limpa-as e usa laca para isolar a humidade.
AD,
diz lá ao anãozinho que ordena os comentários do teu blog que páre de beber e que comece a trabalhar como deve ser.
Por favor, e isso.
se não queres, não acredites, nawita. se isso tornar mais fácil a conclusão de que a tua vida podia ser muito mais espectacular, quando comparada com a minha.
A,
eu acredito em tudo, menos na cena da bateria.
Imagino-te bem a correres para o teu carro em andamento.
sobretudo quando paravas para te aliviares nos arbustos depois de uma noite de copos.
o travão de mão não é para ser tratado com brusquidão, depois deixa de funcionar.
todos morremos, nawita, mas nem todos temos uma bateria estragada, que nos leva a viver.
Eu no outro dia estacionei numa descida tão íngreme que tive de esperar que o da frente se fosse embora para o poder tirar. Porque o carro não teve força para subir de marcha atrás.
A,
está bem.
AD,
isso é o teu carro que é carro de homem. a flor atrás quer só dizer que é simpatizante, mais nada.
Não, o meu carro é como eu, não simpatiza com nada.
Nem com a traseira de uma carocha?
O que mais gosto no Cthulhu é a forma como se diz.
É algo semelhante a "hhhetulu". Parece que um gajo está a chamar um nome feio à outra pessoa mas tem medo de se fazer ouvir.
carro de homem
e ctu'lhu não jogam
por outro lado os super-machões
têm destas mariquices
olha o meu c..thu...lhu
pois
hã?
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