Tristessa
Gosto de estar de mãos dadas com alguém. Gosto de sentir a pele quente a contrastar com a minha normalmente gélida palma. Aquece-me o coração e dá-me um certo conforto infantil, talvez por me lembrar de quando era pequenito e tinha de dar a mão à minha avó para atravessar a rua em segurança. Quando vou no metro ou no autocarro, e me sinto triste ou melancólico, e com vontade de chorar como aquelas pessoas no vídeo clip do "Into My Arms" do Nick Cave, dou a mão a alguém. A uma pessoa qualquer, a quem estiver mais perto de mim, tanto faz. Normalmente as pessoas assustam-se e berram-me e dão-me joelhadas. Não é bonito. Outras pensam que sou atrasado mental, tentam limpar-me a baba do queixo, perguntam-me para onde vou e se preciso de ajuda. Quando percebem que afinal sou "normal", berram-me e dão-me joelhadas. É doloroso por causa da rejeição e por causa das nódoas negras. Tenho as pernas todas marcadas e, inclusivé, a médica já me disse que provavelmente nunca poderei ter filhos. E depois pediu-me que lhe largasse a mão.
2 Comments:
Já vi muitos casamentos começarem assim... e quantos atentados terroristas já foram prevenidos graças a essa manifestação de carinho? Hã, quantos?
Não sei. Quantos?
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