Fuck Christmas, I Got the Blues!!

O Natal está à porta. Não há como escapar a esse facto, mesmo que a vontade para celebrações seja reduzida. Chegou, instalou-se e mostra-se a todos, como se tratasse do mais perfeito dos exibicionistas. Daqueles que em apenas três minutos e trinta e dois segundos conseguem mostrar o seu órgão sexual a cento e quarenta e oito visitantes do Parque das Nações.
Por exemplo, é Natal porque foi lançado um CD onde participam os "Il Divo", os Tony Carreira do canto lírico, CD esse promovido até à exaustão na televisão, naturalmente. Muito doloroso. Quase tão doloroso quanto a hipopótama que dança... aquela com um aspecto algo badalhoco.
Depois temos a chegada em força dos circos. Um drama. Odeio circos. Fazem com que entre em estado de depressão e profunda tristeza.
Sempre que assisto à actuação de um palhaço, fico com a sensação que se encontra em sofrimento, tentando não pensar nas pedras nos rins que tanta noite sem dormir lhe têm provocado. Problema esse que levou a que a sua esposa o trocasse pelo trapezista bissexual turco. É mesmo assim.
Também é Natal porque os centros comerciais estão repletos de pessoas. Daquelas que dão encontrões. Daquelas que gritam muito alto para chamar o rebento que se encontra junto às suas pernas. Daquelas que tentam passar à minha frente na fila para a caixa, praticando a arte do suave passinho lateral. Daquelas que conseguem suportar uma espera de três horas para colocar o seu pequeno herdeiro no colo do pobre senhor que ganha a vida mascarando-se de São Nicolau.
E que pena tenho desses infelizes. Basta prestar um pouco de atenção para nos apercebermos de imediato que há grande tristeza por trás do cabelo e barba falsas. Só me fazem lembrar prostitutas por depilar, obrigadas a atender cento e dezanove clientes por hora, com um duende gigante como chulo. Chega a ser um bocadinho aterrador. Material para pesadelos.
Mas eu gosto de tudo isto. É o período em que gosto de dizer mal. Em que gosto de não ter paciência para as pessoas que me dão encontrões. Em que gosto de pensar nas pedras dos rins que afectam os palhaços. Ou seja, gosto de tudo o que há de mais errado no Natal. E ainda mais do que de melhor traz consigo... menos dos "Il Divo", pois a minha extrema bondade também tem limites.