À parte as mães ninguém pode afirmar de viva voz que deixa cá algo
Calma. Eu sei o que vos vai na alma. Estão a olhar em volta e a pensar que vos falta algo. Não conseguem dizer o quê ao certo, mas falta. Sentem-no. Assim como quando sentem que a vida vos está a passar ao lado. Como naquele dia em que, como um soco no estômago que vem do nada, perceberam que já não eram adolescentes e que nunca - e quando digo nunca é mesmo nunca, como em "jamais em tempo algum" - realizariam os vossos sonhos e que o máximo a que poderiam ambicionar era a mediocridade de uma existência sem nada de excepcional ou assinalável, e que não passavam de uma mera e insignificante engrenagem numa máquina que nunca pára. Uma máquina que tritura - não! - que oblitera por completo todas as almas que um dia murmuraram a frase "tenho tempo..." Eu sei, achavam que eram diferentes, que eram especiais, que eram... mais, e que Alguém tinha um plano para vocês. Mas não são, não têm, e a percepção de que são vulgares (e) mortais arrebatou-vos para sempre aquele sentimento de superioridade que tinham para com os vossos pais.
Mas não, não é isso. É até bastante simples: o que vos falta aí em casa ou no escritório é um velho. Acertei, não acertei? Claro que acertei.
Felizmente para vocês os velhos são fáceis de encontrar. Procurem uma obra e, espreitando por buracos no seu tapume, encontrarão, por certo, meia dúzia de velhos. Ainda não percebi exactamente qual é o fascínio que os prédios em construção exercem sobre os velhos. Talvez no tempo deles fosse o equivalente aos Legos ou ao Mecano. Talvez seja a possibilidade de uma grua tombar ou de alguém cair de um andaime abaixo. Talvez seja o convívio com os outros velhos - talvez as obras estejam para os velhos como os centros de saúde estão para as velhas. Não tenho a certeza do que falam os velhos que se ajuntam nesses locais, mas aposto que há sempre alguém que diz algo como "no tempo do Salazar é que era", ao que outro decerto responde "ai do empreiteiro que excedesse o orçamento... ia logo parar ao Tarrafal."
Se estão a dizer "não era nada disso que eu estava a pensar, pá", não sejam ingratos. Porque lembrem-se: com um velho ao lado têm sempre alguém para culpar pela flatulência.
39 Comments:
os homens, independentemente da idade, o que querem é mulheres. e toda a nossa ideia de corte anda à volta de locais de obras. quando são velhos e já não podem carregar baldes de massa ou subir a um andaime, o melhor que conseguem é ficar perto das obras. e é isso que os alimenta, a ténue hipótese de, passando uma gaja, mandarem uma boca e arranjarem alguém que lhes limpe a arrastadeira essa noite.
Sabes aqueles posters que havia a dizer "O Amor É..."? Devia haver um a dizer "O Amor É... Limpar-lhe a Arrastadeira".
o verdadeiro amor incondicional é assim: na saúde, na doença e nas descargas intestinais.
Isso não é amor, é não conseguir viver com o cheiro, as moscas, as doenças que podem surgir e não ter dinheiro para as lindor.
AD,
Estás sempre a ser convidado para palestras, casamentos e jantares não é?
Sabes motivar o povo como ninguém!
Amor ...
é beijar mesmo sentindo o fedor,
é foder mesmo sentindo ardor,
é apalpar mesmo sentindo tremor,
é cavalgar sem ter o fulgor,
é empranhar sem ir ao doutor,
É!
O amor é uma merda, portanto.
é o nosso lado Cro-Magnon!
gostava de perceber, porque é que só nos queixamos da merda, quando deixamos de chafurdar na mesma?
é apenas por termos os olhos cheios de merda?
também pode ser por beber demasiado licor de merda!
A merda, afinal, é mais complexa do que aquilo que eu pensava.
Mas que merda, pá!
Essa merda não rima Isa!
O amor é um horror, portanto.
ya, fica bonito, mas não deixa de ser uma merda!
ai era pra rimar? essa merda também não rima PW
o amor rima com fedor
se rimasse com alegria
outro galo cantaria
mas se acaba em "or"
só pode ser um horror
Um desencanto, portanto.
Não resito, tenho que dar novas rimas:
Sabor
Rubor
Fervor
Tremor
Prazor
Torpor
Maravilhosor
Dilatador
Encantador
Dor
Fulgor
American expressor
Ditador
Libertador
Morenor
Musculador
Sorriso bonitor
Domador
Entre outros…
Estão a transformar isto no diário de uma adolescente de 14 anos.
espera só mais um pouco, não tarda vais ver um de nós a confessar que foi ele que deixou aqui de "algo".
as adolescentes de 14 anos, infelizmente, nem sempre estão informadas sobre o que pode acontecer quando o rapaz lhes diz, " é só a pontinha, ninguém precisa de saber".
Infelizmente para elas, felizmente para mim.
Isso e o facto de mandares grande estilo com os teus raibantes e pagares gelados e caramelos, a elas e às amigas.
Eu tinha essa caderneta, d'O Amor é... Completa, por sinal! Deve ter sido a única. Ah, não, também completei a d'Os Aristogatos, mas foi porque a minha mãe subornou a senhora da papelaria.
Adiante, o que eu queria mesmo dizer é que até posso ser uma mera e insignificante engrenagem, mas estou bem oleada. E isso faz toda a diferença!
Agora vou ler o que é que vocês escreveram mais acerca das coisas.
Eu vou ficar à espera das coisas escabrosas que alguém há-de escrever sobre o facto de estares bem oleada.
Agora que li o que vocês escreveram constato que dizer que sou uma engrenagem bem oleada não cai lá muito bem.
Era uma força de expressão, vocês são todos adultos inteligentes e responsáveis, com certeza que perceberam...
Ah, e eu só acabei a cardeneta do Ulisses 31. Mas só porque o Eduardo dos Livros trocava cromos.
Pois claro.
uma engrenagem bem oleada cai sempre bem, gata.
Do que eu me fui lembrar...
Concordo, A.
Gata,
Eu não sou responsável,longe disso, mas percebo a importância de se ter uma máquina bem oleada.
eu tenho o dvd do Ulisses 31.
Esse teu Eduardo dos Livros deve ser o equivalente à minha Senhora da Papelaria, não?
Não gozes...
Nawita,
ter uma máquina que emperra e faz barulhos esquisitos é que não, né?
Deve ser. Era uma papelaria onde o senhor trocava cromos e livros à razão de 3 por 1, ou algo do género.
Isso é comigo, AD?
ah ah ah ah
hoje anda tudo a falar de cromos!
Gata,
não pode ser, depois ainda tens que lhe bater, para que faça o que tu queres.
se tratares bem a tua máquina, com óleo, camurça e carinho, ela dura mais tempo.
Se por "isso" te referes ao pedido para me comprares um pastel de nata e uma gasosa para o lanche, sim.
Algo me diz que vocês estão a falar de auxiliadores de auto-satisfação. Pelo menos foi nisso que escolhi acreditar.
AD,
oh, por favor, não venhas com isso agora.
todos sabemos que, para os homens, o carro ó prolongamento do pénis, não são as mulheres que pensam assim.
nós é mais sapatos e lingerie excessivamente cara.
mas tão linda!
Então fizeste uma má escolha.
E desculpa, mas a minha religião não me permite aproximar de pasteis de nata nos próximos três anos.
Dois, vá, por bom comportamento.
És mesmo ruim, pá. O que vale é que eu já estava à espera e vim prevenido com a lancheira.
Tive uma dessas, mas roubaram-ma. Agora tenho uma destas!
Tive uma dessas mas roubaram-ma...
Anda para aí uma bandidagem, pá!
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