Friday night fever
Na passada sexta feira fui convidado pela minha colega algarvia - vamos chamar-lhe Maria - para ir jantar com ela e com outra colega nossa - vamos chamar-lhe Maria2.
"Onde?", pergunto eu com ar desconfiado. Normalmente quando uma garota jeitosa me convida para alguma coisa acabo numa viela com um rim a menos.
"Vamos ao sushi ali em baixo.", diz-me ela, os olhos azuis (verdes?, não sei, não costumo olhá-la nos olhos) brilhando com promessas de momentos inesquecíveis. Ou então era das alergias.
"Porreiro, há muito tempo que não vou ao chinês.", respondo eu.
No caminho para o restaurante apontei as teias de aranha que pendiam dos espelhos laterais do meu carro e a curiosa aranha branca que habitava numa delas. Achei que seria um bom tema de conversa, para quebrar o gelo que se tinha criado depois de lhe ter perguntado "Vais assim vestida?" Dada a reacção, calculo que não seja fã do Discovery Channel.
Logo à chegada o restaurante desapontou-me. Ok, é um estabelecimento novo, mas é pedir muito que tenham mobília completa? Faltavam as cadeiras e das mesas só tinham os tampos, daí que tivéssemos de nos sentar no chão. Pelo lado positivo houve o facto de termos de nos descalçar e eu ter podido mostrar as minhas meias Cow & Chicken.
"Boa", pensei eu ao verificar que o empregado era brasileiro, "afinal isto deve ser uma casa de rodízio. Vou começar pela maminha." Instintivamente olhei para a Maria e ri de mim para mim. "Eheheh, maminha!"
"Pedimos uma garrafa de João Pires?", perguntei.
Elas entreolharam-se e responderam que era melhor saqué.
"Isso é tinto ou branco?"
Elas riram-se e eu também. Mas não percebi.
Descobri finalmente que não havia maminha nem picanha. Ao invés, tinha tudo nomes esquisitos. Foi o primeiro sinal de que algo estava mal. Quando a comida - que eu escolhi seguindo o método um-dó-li-tá-cara-de-amendoá - chegou senti-me ultrajado.
"Ó amigo, isto está crú!", exclamei. "Eu pedi mal passado, mas assim também não."
Lá me tentaram convencer que não sei o quê e que frito e cozido. Mas eu não papo grupos.
"Havia de cá vir a ASAE, havia.", disse-lhes. "Vou eu pagar sei lá quanto para me servirem comida que nem cozinhada está? Do que isto precisava era de um Salazar em cada cozinha, era o que era."
A pedido da Maria, que naquele sotaque algarvio cerrado me pedia para não fazer cenas, lá desisti de pedir o livro de reclamações.
"Acho bem que isso não seja tudo wonderbra.", pensei eu olhando para ela.
Por volta das 22h00 apareceu o Telmo, o namorado da Maria2 que, para só aparecer àquela hora, ou trabalha como guarda nocturno em part time ou já conhecia o restaurante e ficou em casa a comer bolachas com manteiga, o espertalhão.
Como a Maria estava surpreendentemente cansada e queria muito ir para casa, fui um cavalheiro e levei-a. No trajecto tentei entabular diálogo mas não percebi quase nada do que ela disse. Filha da mãe de sotaque! Limitei-me a sorrir e a dizer que sim com a cabeça. Acho que, a determinada altura, concordei em posar nú para uma aula de escultura. Ou em fazer o retrato do Lenine em ponto-cruz, não tenho a certeza.
Ao chegarmos ao destino tentei a minha sorte e sussurrei-lhe "Vamos fazer o sexo de força?", mas ela não estava para aí virada. Disse que se tinha levantado muito cedo e que tinha de fazer as malas porque no dia seguinte ia voltar para casa dos pais em Varsóvia e já não voltava nunca nunca nunca mais.
"Olha, afinal não é algarvia, é eslovaca.", pensei enquanto ela batia com a porta do carro.
13 Comments:
Filha da mãe da eslovaca, então mete-se contigo e depois bate com a porta do carro?
Tu, que és uma companhia agradável, culto, amigo dos animais e sexy? É o que dá meter-te com estrangeiras, não te sabem apreciar!
Cada dia que passa me convenço -ainda mais- que tu és um verdadeiro gentleman...
AD, mais um post deslumbrante! assim de acordo com a tua personalidade, que está de acordo com a tua foto!
Como é que a estúpia da eslovaca te pode bater com a porta do carro?
será que também é míope?
opá, depois de ver apenas 3 moças a comentar o post com bastante agrado, sinto-me um pouco intimidado de aqui vir dizer que também gostei bastante. acho que é melhor proteger a minha masculinidade e não dizer nada.
Nawita & Isa,
Parecendo que não aquelas miúdas de leste têm força nos braços. Deve ser de nascerem a lavrar a terra ou isso. Parecia que estava a fechar o portão da quinta, até a aranha ficou toda tremida.
Gata,
Eu redefini o conceito de cavalheiro. Para outra coisa qualquer.
A,
Acho que é mais asco que agrado.
Prova de masculinidade: curto bué de seios.
Eu não preciso de ir ao japonês para comer cenas cruas.
Basta-me saltar da janela da minha casa de tronco nu e de arco às costas e ir caçar para a Segunda Circular.
Ainda ontem cacei um Opel Corsa de seiscentos quilos com uma flechada no retrovisor direito, e comi-lhe o pára-choques e meia porta do lado do pendura.
Deixei o resto para os necrófagos ali da zona.
Pá, e ninguém continua o Conta-me Outra Estória?
É preciso eu descrever a fundo meia hora de pornografia gay de forma gratuita para vocês pegarem naquilo?
o que mais me assusta é que tu eras bem capaz de o fazer!! peço-te que não o faças... pelo bem da minha insanidade.
Alguém vá lá salvar aquilo, caramba!!!
AD,
Também tenho uma aranha no espelho do meu carro, pá.
- E é à prova de água, a puta.
o PWFH já se chegou à frente!!! estamos salvos!!
Mas aquela aranha é albina. Aquilo não pode ser saudável nem para ela nem para mim.
E cada dia a teia está maior. Qualquer dia saio de casa e tenho o carro num casulo.
Mas confesso que até ando mais devagar para não se desfazer. Tenho curiosidade de ver onde é que aquilo chega.
Habemos estória!
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