Speaking in tongues
Muita gente me pergunta como é que eu consigo ser um conversador tão bom, de respostas e tiradas tão rápidas quanto espirituosas e, globalmente falando, um ser humano de valor superior à média. A verdade é que não é fácil e requer, até, bastante trabalho. Todos os dias dedico algumas horas para anotar algumas frases, seleccionar as melhores e decorá-las para que, mais tarde, as possa usar. É um processo moroso, por vezes frustrante, mas essencial para que quando em situações sociais não submetamos os convivas a conversas de baixo índice de interesse ou a frases desprovidas de espirituosidade, estilo ou de sentido único.
E tanto elaboro frases e bitaites generalistas como pessoais, intencionados para pessoas específicas. Tenho aqui uma em inglês, por exemplo, para atirar à Emilija - meu Deus, a Emilija... - da próxima vez q -- deixem-me só fazer aqui um apart... aparthai... àpar... parêntesis: eu sou um homem discreto. Não sou o tipo de indivíduo que olha alarvemente para todo o rabo de saia que passa como se a sua próxima refeição dependesse exclusivamente da correcta avaliação da copa alheia. Está no meu raio de visão directa ou periférica? Então aprecio, discretamente, por vezes entortando os olhos, é certo, de maneira a conseguir acompanhar, finalizando com um "porreiro, pá, porreiro" à Sócrates para mim mesmo, mas é só. Não me volto, não assobio, nem as sigo até casa para descobrir a morada e o número de telefone para depois lhes ligar de madrugada com respiração ofegante como a Sónia do 12º E disse que fiz. Bom, eventualmente arquivo a imagem mental para utilização posterior, mas isso é outra história. No entanto ela - a Emilija - apanha-me sempre desprevenido, como se o meu cérebro não fosse capaz de processar a imagem que os olhos lhe transmitem, começasse a gritar DOES NOT COMPUTE e simplesmente se desligasse, tranformando-me num idiota capaz apenas de comunicar por grunhidos -- mas dizia eu, tenho aqui uma em inglês para mandar à moça da próxima vez que a vir: I'm no Casanova but I'd make you moan like Sharapova, make you collapse like a supernova, until you scream "I quit, game ova." Ok, não é Shakespear, mas dado que eu também não consigo articular grande coisa na presença dela sem me babar, não faz grande diferença. Aliás, se eu hoje sei o nome dela isso é nada menos que um milagre:
- Hey... I... you... I AD, yes?
- Hum... hi. I'm Emilija.
- Yes. Nice. Emília. Like... like Place of Picapau Yellow, yes? Haha...
- Hum?...
- Yes. Place... Saci Pererê. Sassai!
- Err... sorry, what?...
- Sassai Pererui... and Pedro and Chico...
- I'm not... I have to go...
- Ah, no, wait, Chico was other thing with dog and other dog and twin...
- I really have to go. Bye.
- ... but I lubidubidu (*)...
Na verdade, e atendendo ao passado, até acho que correu bem.
(*) Juro que em russo, foneticamente, isto quase faz sentido.
12 Comments:
ya, eu também gostava muito do sítio do picapau amarelo. o meu episódio favorito foi o do pé de feijão. o saci era muito engraçado, mas não acho bem que uma criança fumasse cachimbo, aquilo era uma criança, não era?
enfim, parece que a globo deitou as cassetes fora e agora temos de gramar com a versão moderna. sem o saci de cachimbo... preferia o saci de cachimbo.
Já conhecia a versão adolescente da Turma da Mónica, mas não sabia que havia uma versão moderna do Sítio do Picapau Amarelo.
faz parte da politica de capitilizar as memórias dos telespectadores da faixa etária com maior poder de compra actual. um pouco como fizeram cá com o tom sawyer e a bana e o flapi. é uma prática comum do mercado.
estão agora a fazer uma nova versão da gabriela cravo e canela.
E para quando o Christian Bale como Capitão Power num remake do Capitão Power e os Soldados do Futuro?
tu és resiliente, digo-te isso, AD.
Isso, ou não estou a conseguir ser tão chato quanto queria :p
queres resolver a cena com o Imilia? diz-lhe algo como: "Want amendoins c'a casca?"
- a parte importante é o "c'a casca".
Resiliente é uma das minhas palavras preferidas. Sempre quis ser resiliente. Como o Shawn Michaels. "Ele é muito resiliente" dizia o apresentador do chapéu de cowboy e face ruborizada pelo ataque cardíaco eminente enquanto o Shawn Michaels levava, faz de conta, porrada de meia-noite.
Mas a parte importante é mas é descascar. A Emilija.
Eu gostava muito do Feiticeiro de Oz mas aquilo era muito triste: o Espantalho não tinha cérebro, o Homem de Lata não tinha coração, o Leão não tinha coragem e a Dorothy lá teve de continuar virgem...
Excepção feita à virgem acabaste de descrever o meu local de trabalho.
Ahahahahahahahahah!
- Este Ahahahahahahahha! foi para o último comentário, se bem que o texto também merece um Ahahahahahahahah! daqueles em condições.
Ovos da Páscoa!
Mostra a essa Emilija que tu és um gajo à moda antiga, dado a coisas à moda antiga.
Oferece-lhe um daqueles calendários onde um gajo tinha de raspar para ganhar. Uma erecção.
Mas oferece-lhe um onde, em vez de uma Samantha Fox, está um AD. E onde ela tem que raspar tudo a zona onde está o pénis. Bem visível.
Falta ali um "menos".
"E onde ela tem que raspar tudo menos a zona onde está o pénis."
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