Se cá nevasse fazia-se cá ski
Se eu vos dissesse que pratico desporto a vossa reacção imediata, partindo do princípio que não se riam, seria apalpar-me os músculos e suspirar lânguido-asmaticamente. No entanto, se eu vos explicasse que o desporto que pratico consiste em flectir ligeiramente os joelhos, debruçar-me sobre mim próprio atirando os braços para trás e, posteriormente, lançar-me de uma ribanceira abaixo mantendo-me o mais imóvel possível, vocês diriam, e com razão, "pá, isso é estúpido." E, no entanto, essa é uma modalidade olímpica conhecida como saltos de ski. "De" ou "em", não sei. Quer dizer, não é olímpica-olímpica, é olímpica de inverno, que está para os Jogos Olímpicos a sério como aquele vosso primo de 22 anos que se ri com a boca toda aberta e bate palmas quando vê os Power Rangers está para o resto da família.
Percebo a existência de outras modalidades, como a patinagem artística, que dá oportunidade a homens adultos de usar fatos cheios de lantejoulas e rodopiar em bicos de pés sem ter que encarar um touro, ou o curling, mais popular entre as mulheres de meia idade que a menopausa e que é um desporto que exige precisão e mestria na utilização de uma vassoura. E hóquei em gelo - isso sim, um desporto a sério - em que homens desdentados que se deslocam a grande velocidade em cima de lâminas se agridem mutuamente com paus. Mas saltos em (de?) ski? Não me lixem.
Não bastava a Eurosport (ênfase em sport) transmitir campeonatos de dardos e jogos de cartas como se isso fosse desporto? Ou ciclismo? A sério, nada que possa ser feito com rodinhas de apoio ou por pensionistas numa taberna pode ser considerado desporto, por isso, senhores do Comité Olímpico, por favor, revejam rapidamente a definição dessa palavra ou ainda vamos ver o Macaco Chinês como modalidade nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
21 Comments:
1,2,3 macaquinho do chinês!!
-mexeste-te! volta pra trás!
aiii, q saudades...do macaco e da macaca...
De homem, mas mesmo de homem a sério, era lançares-te da tal ribanceira sem skis e sem neve!
Queria ver se os tais machos bravos e fortes que encaram touros envergando fatos de lantejoulas, chapéus ridículos e - atenção, que isto é que é importante - collants de lycra cor-de-rosa com sabrinas eram capazes de um desporto assim.
No outro dia vi um que bem q podia substituir os pobres touros da morte...
acrobatas a saltar em mortais por cima de um touro zangado. Tãaao valentes!... bem, ao menos não espetaram o coitado... :(
bem q podia substituir no sentido de que já que a tradição bláblá, ao menos tornem a tradição menos bárbara e não magoem o pobre do touro...
um desporto porreiro, seria o mata, como me lembro de jogar. que era com um post a uns 200 metros de distância que tínhamos de tocar, depois de levarmos com a bola.
enquanto não tocávamos, os colegas de "brincadeira" tinham direito de nos encher de porrada e boicotar a nossa aproximação ao poste com rasteiras e placagens.
parecendo que não, isto seria espectacular de se ver na televisão!
Isso não foi aquele Holanda - Portugal do Mundial 2006?
Não me lembro de jogar a um mata assim. O nosso mata era basicamente os gajos a atirarem-nos com bolas e nós (as gajas) a tentarmos não apanhar com elas. Perdia a equipa que ficasse sem elementos mais depressa.
Claro que em breve o profe teve de substituir a bola de andebol por uma de espuma, ou ainda o acusavam de espancar miúdas nas aulas...
Há aí tantas oportunidades de resposta porco-badalhoca que nem sei por onde começar.
Subir a serra e vir de lá a rebolar também é fixe!
É claro que agora tenho um pessegueiro anão no olho esquerdo, placa, perdi o uso de um braço e tenho uma perna de pau, mas o que me diverti!
A,
Esse mata é diferente daquele que eu jogava, que já era bastante doloroso porque os colegas não usavam bolas de esponja…
Parece aquele desporto americano.
Não foste à tropa porque o infantário fez de ti um homem forte como um touro e emocionalmente franzino.
Vani,
Na minha escola foi o contrário, primeiro as bolas de esponja e depois uma pequenas de plástico e rugosas.
Na minha escola éramos muito civilizados, o jogo mais violento que tínhamos era a Barra do Lenço.
Já nos feriados o nosso divertimento era ir para as obras jogar ao bate-pé ou brincar com barras de ferro ferrugentas. Ou ir para a mata apanhar cartuchos vazios e imaginar toda uma história de violência e horror que envolvesse armas e casas abandonadas.
Ah, tempos felizes, esses...
outro jogo fixe, era jogar à parede.
chutava-se a bola à parede com quanta força pudéssemos, para o gajo que fosse a seguir não conseguir apanhar a bola com os pés. se não apanhasse a bola ia à parede. a única maneira de sair da parede, e aqui é que estava a beleza do jogo, era colocar-se na trajectória da bola, que atingia velocidades vertiginosas, para a tentar apanhar.
Gata,
Jogavas ao bate-pé com trolhas?
Por quem me tomas?
Oh AD, com futuros trolhas!
ihihihih...
nós tinhamos o "ver que consegue mandar a bola de volei para o telhado do 3º andar com uma só machete"
o problema era fazer as bolas descer...
tb tinhamos o "ver quem consegue acertar nas bolas dos moços com um só serviço"
e o "quem consegue acertar nos candeeiros do ginásio com um so pontapé"
saudades...
Do que tu me foste lembrar...
Como é que tantos de nós sobreviveram á infância e adolescência e algo que me fascina!
O Machete! Fantástico, AD, só por causa disso até te vou perdoar ali a insinuação dos trolhas.
E rio-me da cada vez que penso que, quando fui ver o Grindhouse (ou é no Death Proof? Já não me lembro, mas não é importante), um amigo foi perguntar à moça da bilheteira quando é que estreava o filme do Machete!
Ah ah ah ah ah
Espectacular! Quem mandou tentar enganar o mexicano?
Man... isto estava lá no fundo do baú das memórias. Muito bom!
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