2009-11-06

Who Wants To Live Forever?

Esta semana foi a minha vez de fazer uma visita ao centro de saúde, edifício pelo qual tenho tanto apreço e que agora parece estar a tornar-se na minha segunda casa. Já estive mais longe de tratar enfermeiras por tu, das senhoras da limpeza colocarem-me a par do desempenho escolar dos filhos e dos seguranças cumprimentarem-me com um sentido high five.

Mas, naturalmente, hoje não tornarei a referir o efeito que o local em questão tem sobre a minha pessoa, com cada minuto lá passado a brindar-me com sintomas de tudo quanto é doença. Não. O tema de hoje tem a ver com música. Música que pairava no ar da sala de espera do hospital.

Passo a descrever a situação...

Eu, desconfortavelmente sentadinho, olhando ligeiramente em pânico para os enfermos que me rodeavam. Cerca de vinte enfermos, desconfortavelmente sentadinhos, olhando ligeiramente em pânico uns para os outros. Em comum, o facto de todos necessitarmos de ouvir: “Você está óptimo! Vá lá para casa e volte apenas daqui a 137 anos. Saudinha de ferro essa. Ferro do bom, daquele que resiste à erosão provocada pelo tempo.”

Necessitávamos mas não ouvimos. Em contrapartida, ouvimos música, música que saía das colunas estrategicamente colocadas na sala de espera. Primeiro vieram uns temas de Rui Veloso. Depois um pouco da Mariza. Seguiram-se os Madredeus e o Rodrigo Leão. Completamente normal, apesar de não fazerem parte da minha lista de preferências e até terem o condão de me provocarem pequeninos vómitos. Nada que não aguente.

Mas, de súbito, os meus ouvidos começaram a captar algo muito estranho. Um som que não me era nada estranho. Mesmo nada. Primeiro não queria acreditar. Depois acreditei mesmo.

“Who Wants to Live Forever?”, dos Queen. Isso. “Quem é que Quer Viver Para Sempre?” passava em todo o seu esplendor na sala de espera do hospital. A composição perfeita para animar as hostes das dezenas de infelizes com resultados de análises na mão. Em cheio!

Naturalmente que a minha imaginação entrou em espiral de desgraça iminente. Já me estava a ver no consultório e... “Oh homem! Estas análises... meu Deus, nunca vi nada assim e olhe que pela minhas mãos já passaram casos bem horríveis... a única coisa que lhe posso dizer é... quem é que quer viver para sempre, não é?! Enfim...”

Felizmente que fui chamado logo de seguida. Penso que mais uns minutos e das colunas teria saído a “Marcha Fúnebre”, de Chopin. Ou o “Requiem”, de Mozart. Ou talvez mesmo um spot publicitário a uma agência funerária. Irra!

5 Comments:

Blogger grassa said...

Eu cá punha Death Metal a bombar nas salas de espera.

06/11/2009, 11:26:00  
Blogger Isa said...

Who wants to live forever? deviam ter respondido " Nós, pode ser?" em uníssono.
"E de preferência ... lá fora, pode ser?" ... pronto, isto já sou eu a divagar.

E correu tudo bem, AFS? àparte esses mimos?

( Viram? desta vez não me enganei no autor do post!)

06/11/2009, 11:38:00  
Blogger AFS said...

Correu tudo bem, fiquei na mesma mas gastei uma pipa de euros na farmácia. Também não quero viver para sempre, por isso...

06/11/2009, 11:44:00  
Blogger grassa said...

Acho que foi a primeira vez que reconhecemos o AFS como sendo o AFS.

06/11/2009, 12:17:00  
Blogger Nawita said...

E vens para aqui doente? Espero que não seja nada de pegajoso!
As melhoras pá!

06/11/2009, 12:55:00  

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