2010-04-20

Sexual healing

Sabem o que é que eu nunca tive de fazer na minha vida adulta? Calcular o seno, co-seno ou tangente do que quer que fosse. E raízes quadradas? Nem uma. Aliás, quem é que alguma vez na vida precisou de calcular uma raíz quadrada? Ninguém. Ninguém, em toda a história da humanidade, do primeiro australopiteco de há milhões de anos atrás até ao último deles - que é o meu vizinho de cima que se põe a arrastar mobília e a fechar estores às quatro da manhã - alguma vez precisou calcular uma raíz quadrada. E a data da conquista de Ceuta? Quem é que, para além do Professor José Hermano Saraiva, precisa de saber a data da conquista de Ceuta?

Então, com tanta coisa que se ensina nas escolas sem qualquer aplicação prática na vida real, porque é que ainda se discute a validade da Educação Sexual? Não será algo com aplicação prática para todos, salvo raras excepções, mais tarde ou mais cedo?

Lembro-me de uma vez ver numa reportagem uma adolescente que dizia não ter medo de DSTs porque tomava a pílula. Ainda que partilhe do conceito de que os filhos são uma doença da qual alguém pode levar décadas a livrar-se - como, aliás, os meus pais podem atestar - quer parecer-me que à jovem em questão a estavam a iludir uma ou duas coisas, coisas essas cujas consequências podem ir de uma simples borbulhagem a um incoveniente falecimento.

E quando me refiro a Educação Sexual não estou apenas a falar de palavreado politicamente correcto que redunde em "os meninos têm pilinha e as meninas têm pipi". Urge preparar os jovens para que quando chegar a hora do (vocês não estão a ver, mas estou a utilizar o símbolo internacional que representa o acto do amor: atravessar repetidamente um círculo feito com o polegar e indicador esquerdos com o indicador direito espetado) não fiquem confusos ou assustados, porque, sejamos honestos, aquilo ao início é como tentar montar (trocadilho não intencional) uma estante da IKEA: não se percebe muito bem o que é que encaixa onde nem como, não compreendemos as instruções, as pessoas magoam-se, há sangue, sai tudo mal e no fim são precisos pensos e, eventualmente, uma ida às urgências.

Que inconveniente há, então, em esclarecer os jovens que sim, a gravidez pode acontecer logo à primeira e transmitir-lhes algumas regras básicas de conduta e higiene interpessoal? Nenhum, parece-me. E que inconveniente há em esclarecer as jovens de idade legal que eu estou disponível para sessões de esclarecimento e aulas práticas? Também estou certo que nenhum.

20 Comments:

Blogger Nawita said...

As miúdas em idade legal sabem mais do que qualquer um de nós!

Texto excelente, tocas aqui num assunto deveras importante.
Tenho tanto a dizer sobre isto, mas para fazer curto (estou com muito trabalho): vivemos num país de gente burra que tudo o que merece é uma boa DST.

20/04/2010, 14:58:00  
Blogger AD said...

Eu não disse para quem é que eram as sessões de esclarecimento...

20/04/2010, 15:06:00  
Blogger tiagugrilu said...

O símbolo internacional que representa o acto do amor tem uma componente sonora que não referiste: Ao atravessar o círculo feito com o polegar e indicador esquerdos com o indicador direito espetado, pode-se sempre complementar com um assobio daqueles fininhos, só para dar aquele som ambiente.

20/04/2010, 15:15:00  
Blogger AD said...

Um assobio fininho de preferência dobrado em espanhol. Para dar ainda mais classe à coisa.

20/04/2010, 15:21:00  
Blogger Isa said...

Assuntos muito pertinentes descritos de forma soberba. Porra, se nas escolas as coisas fossem ditas desta maneira seguramente não haveria tanta ignorância sobre o assunto, a tua primeira vez não teria sido tão traumática e tinhas uma fila de gajas e gajos para sessões de esclarecimento.



Grilu,

Essa foi tão à fanã que não sei se ria ou se vomite.

Estou a pensar.

Olha, rio!

LOL

20/04/2010, 15:27:00  
Blogger tiagugrilu said...

Atão? Tá mal-exposta, a menina?

20/04/2010, 15:54:00  
Blogger Isa said...

Não, um bocadinho indecisa, só e foi só por um bocadinho....

20/04/2010, 15:58:00  
Blogger Isa said...

A miss vomitava, vomitava, vomitava e o senhor chegou perto da mâe dela ( porque miss no brasil sem mão, não é miss) e perguntou:
- Foi comida, minha senhora?
e ela:

- Foi sim! mas casa já prá semana que vem ...



( piada do Juca Chaves, humorista brasileiro)

antiiiiiiiiiga!

20/04/2010, 16:01:00  
Blogger Isa said...

* mãe




dasse!

20/04/2010, 16:02:00  
Blogger Nawita said...

AD,
Tinhas pais católicos e andaste numa escola pública?

Isa,
LOL
Está gira, felizmente a moça resolveu o assunto dela rápido. Será que se sentou na cadeira onde o noivo estava antes dela arrefecer? (sim, isto pode acontecer)

20/04/2010, 16:22:00  
Blogger Isa said...

Sim sim! havia muita gente antigamente que engravidava dessa maneira.

Não sei se foi o caso, pode ter sido. Isto passou-se no Brasil e diz que por lá não se deixa arrefecer nada.

20/04/2010, 16:29:00  
Blogger AD said...

Nawita,
Andei numa escola púdica.

20/04/2010, 16:58:00  
Blogger Nawita said...

Isa,
Antigamente era horrível. Uma rapariga podia engravidar só por olhar duas vezes seguidas para um rapaz!
É normal, eles têm sangue quente!


AD,
Essas são as piores. Vieste de lá cheio de ideias erradas e vícios marados, não é? Tudo culpa das companhias pudicas!

20/04/2010, 17:04:00  
Blogger grassa said...

Continua a escrever textos destes que, qualquer dia, acredita que troco a minha namorada por um deles.

20/04/2010, 17:41:00  
Blogger Gata das Botas said...

1415.



A data da conquista de Ceuta.



E, no meu caso, sobram sempre peças quando monto uma estante do Ikea.
Não sei se isto poderá ser considerado uma metáfora.

20/04/2010, 18:23:00  
Blogger AD said...

Grassa,
Mas olha que textos não aspiram nem cozinham nem te fazem cafuné.

Gata,
Talvez sirva como metáfora, como estante é que já tenho dúvidas.

21/04/2010, 09:10:00  
Blogger Gata das Botas said...

Não, como estante não serve. Quanto muito como psiché.



(sempre quis escrever psiché e nunca tinha tido oportunidade)

21/04/2010, 09:33:00  
Blogger A said...

no inicio do post ri, depois comecei a ficar desconfiado. «que é isto?» pensei, «o AD está a tratar um assunto sério, a demonstrar uma opinião séria sobre um assunto moderno e controverso?» mas no final lolei.

21/04/2010, 10:44:00  
Blogger AD said...

Eu uso o humor (ou as suas tentativas) como mecanismo de defesa. Em caso de assalto não resulta lá muito bem, mas para mascarar a minha falta de personalidade até dá algum resultado. Além disso ter opiniões sérias dá demasiado trabalho, e eu tenho sítios onde ir, coisas para fazer e pessoas para conhecer.

21/04/2010, 11:09:00  
Blogger A said...

o humor é sempre um assunto sério, AD, não devias andar assim a brincar com ele.

21/04/2010, 11:12:00  

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