Sexual healing
Sabem o que é que eu nunca tive de fazer na minha vida adulta? Calcular o seno, co-seno ou tangente do que quer que fosse. E raízes quadradas? Nem uma. Aliás, quem é que alguma vez na vida precisou de calcular uma raíz quadrada? Ninguém. Ninguém, em toda a história da humanidade, do primeiro australopiteco de há milhões de anos atrás até ao último deles - que é o meu vizinho de cima que se põe a arrastar mobília e a fechar estores às quatro da manhã - alguma vez precisou calcular uma raíz quadrada. E a data da conquista de Ceuta? Quem é que, para além do Professor José Hermano Saraiva, precisa de saber a data da conquista de Ceuta?
Então, com tanta coisa que se ensina nas escolas sem qualquer aplicação prática na vida real, porque é que ainda se discute a validade da Educação Sexual? Não será algo com aplicação prática para todos, salvo raras excepções, mais tarde ou mais cedo?
Lembro-me de uma vez ver numa reportagem uma adolescente que dizia não ter medo de DSTs porque tomava a pílula. Ainda que partilhe do conceito de que os filhos são uma doença da qual alguém pode levar décadas a livrar-se - como, aliás, os meus pais podem atestar - quer parecer-me que à jovem em questão a estavam a iludir uma ou duas coisas, coisas essas cujas consequências podem ir de uma simples borbulhagem a um incoveniente falecimento.
E quando me refiro a Educação Sexual não estou apenas a falar de palavreado politicamente correcto que redunde em "os meninos têm pilinha e as meninas têm pipi". Urge preparar os jovens para que quando chegar a hora do (vocês não estão a ver, mas estou a utilizar o símbolo internacional que representa o acto do amor: atravessar repetidamente um círculo feito com o polegar e indicador esquerdos com o indicador direito espetado) não fiquem confusos ou assustados, porque, sejamos honestos, aquilo ao início é como tentar montar (trocadilho não intencional) uma estante da IKEA: não se percebe muito bem o que é que encaixa onde nem como, não compreendemos as instruções, as pessoas magoam-se, há sangue, sai tudo mal e no fim são precisos pensos e, eventualmente, uma ida às urgências.
Que inconveniente há, então, em esclarecer os jovens que sim, a gravidez pode acontecer logo à primeira e transmitir-lhes algumas regras básicas de conduta e higiene interpessoal? Nenhum, parece-me. E que inconveniente há em esclarecer as jovens de idade legal que eu estou disponível para sessões de esclarecimento e aulas práticas? Também estou certo que nenhum.
20 Comments:
As miúdas em idade legal sabem mais do que qualquer um de nós!
Texto excelente, tocas aqui num assunto deveras importante.
Tenho tanto a dizer sobre isto, mas para fazer curto (estou com muito trabalho): vivemos num país de gente burra que tudo o que merece é uma boa DST.
Eu não disse para quem é que eram as sessões de esclarecimento...
O símbolo internacional que representa o acto do amor tem uma componente sonora que não referiste: Ao atravessar o círculo feito com o polegar e indicador esquerdos com o indicador direito espetado, pode-se sempre complementar com um assobio daqueles fininhos, só para dar aquele som ambiente.
Um assobio fininho de preferência dobrado em espanhol. Para dar ainda mais classe à coisa.
Assuntos muito pertinentes descritos de forma soberba. Porra, se nas escolas as coisas fossem ditas desta maneira seguramente não haveria tanta ignorância sobre o assunto, a tua primeira vez não teria sido tão traumática e tinhas uma fila de gajas e gajos para sessões de esclarecimento.
Grilu,
Essa foi tão à fanã que não sei se ria ou se vomite.
Estou a pensar.
Olha, rio!
LOL
Atão? Tá mal-exposta, a menina?
Não, um bocadinho indecisa, só e foi só por um bocadinho....
A miss vomitava, vomitava, vomitava e o senhor chegou perto da mâe dela ( porque miss no brasil sem mão, não é miss) e perguntou:
- Foi comida, minha senhora?
e ela:
- Foi sim! mas casa já prá semana que vem ...
( piada do Juca Chaves, humorista brasileiro)
antiiiiiiiiiga!
* mãe
dasse!
AD,
Tinhas pais católicos e andaste numa escola pública?
Isa,
LOL
Está gira, felizmente a moça resolveu o assunto dela rápido. Será que se sentou na cadeira onde o noivo estava antes dela arrefecer? (sim, isto pode acontecer)
Sim sim! havia muita gente antigamente que engravidava dessa maneira.
Não sei se foi o caso, pode ter sido. Isto passou-se no Brasil e diz que por lá não se deixa arrefecer nada.
Nawita,
Andei numa escola púdica.
Isa,
Antigamente era horrível. Uma rapariga podia engravidar só por olhar duas vezes seguidas para um rapaz!
É normal, eles têm sangue quente!
AD,
Essas são as piores. Vieste de lá cheio de ideias erradas e vícios marados, não é? Tudo culpa das companhias pudicas!
Continua a escrever textos destes que, qualquer dia, acredita que troco a minha namorada por um deles.
1415.
A data da conquista de Ceuta.
E, no meu caso, sobram sempre peças quando monto uma estante do Ikea.
Não sei se isto poderá ser considerado uma metáfora.
Grassa,
Mas olha que textos não aspiram nem cozinham nem te fazem cafuné.
Gata,
Talvez sirva como metáfora, como estante é que já tenho dúvidas.
Não, como estante não serve. Quanto muito como psiché.
(sempre quis escrever psiché e nunca tinha tido oportunidade)
no inicio do post ri, depois comecei a ficar desconfiado. «que é isto?» pensei, «o AD está a tratar um assunto sério, a demonstrar uma opinião séria sobre um assunto moderno e controverso?» mas no final lolei.
Eu uso o humor (ou as suas tentativas) como mecanismo de defesa. Em caso de assalto não resulta lá muito bem, mas para mascarar a minha falta de personalidade até dá algum resultado. Além disso ter opiniões sérias dá demasiado trabalho, e eu tenho sítios onde ir, coisas para fazer e pessoas para conhecer.
o humor é sempre um assunto sério, AD, não devias andar assim a brincar com ele.
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