Das minhas mãos distribuo a embriaguês, a estupefacção, o esquecimento, gozo e tormento dos corpos
Fico sempre surpreendido - e desconfiado - quando testemunho manifestações de afecto para com a minha pessoa. Acho que é a adolescente que nunca teve um pónei e que sabe que nunca será o filho que o pai desejou que há em mim. Por isso a minha reacção imediata foi perguntar a mim próprio que razão teriam aquelas pessoas para encenar aquela mascarada e me abraçar e parecer genuinamente contentes por me voltar a ver. Discretamente levei a mão à nádega, não só porque tenho um rabo jeitoso e aprecio acariciar-me em público, mas também para verificar se não me tinham roubado a carteira no meio dos insuspeitos cumprimentos. "Aha!", exclamei para comigo, "Os sacanas gamaram-me!" Tirava já a navalha que habitualmente transporto na meia, pelo fio da qual faço justiça, Casal Ventoso style, quando me lembrei que não uso carteira desde que perdi a minha Dunas azul nas férias da Páscoa do nono ano.
Passei o resto da tarde como um escuteiro - e com isso quero dizer que me mantive sempre alerta, e não que estive a ser molestado por um adulto de calções que gosta de levar criancinhas para o meio do mato - mas não consegui descortinar qual era plano daquela gente.
Não obstante o meu estado de sobreaviso, aproveitei cada abraço feminino para apertar contra mim uma miríade de seios, de generosidade e firmeza variada, catalogando-os e classificando-os mentalmente - a minha lista acabou, curiosamente, com um número ímpar, mas quando quis fazer uma recontagem já tinham chamado um senhor simpático da Securitas -, e para lançar algumas propostas indecorosas às ex-colegas e, às que nunca o foram, outras que simplesmente ofenderiam a integridade moral do próprio Calígula, e que complementava sempre com um "estou a brincar... a menos que queiras."
No fim acabei por não perceber qual era a jogada. Talvez pretendessem atrair-me para uma sala escura para me drogar e roubar os rins, os pulmões ou uma ou outra membrana mucosa, não sei. O que sei é que quem se tramou foram eles porque não levaram nada e eu comi-lhes para aí dois quilos de brownies. Otários.
40 Comments:
Fogo... Sempre quis ter uma "Dunas", e nunca os meus pais me compraram mais do que aquelas carteiras estúpidas da papelaria Rolando.
Onde curiosamente, além de carteiras, se vendiam VHS's porno.
Pá, a Dunas comprei-a eu com o dinheiro que poupei da mesada, que os meus pais também só me compraram uma que, também sendo de velcro, era roscof... roscoff... roscofe... rasca.
A minha carteira era tão roscof (tn nunca tinha escrito...) que tinha um buraco na cena das moedas, que fazia as ditas resvalar para a cena das notas, que por estar vazia, as semeava posteriormente nessa macadâmia que foi a minha pobre adolescência...
Epá ó Grilu! este teu último apontamento está tão bonito que quase me vieram as lágrimas aos olhos...
Faltou o quase. Mas era um bocadinho assim, ó! assim!
Tem medo de manifestações físicas de amizade AD?
Já não podemos ser amigos.
Amuei.
Tiagu,
A minha carteira também só servia para trazer o cartão da escola e os cromos. Dinheiro nem por isso.
Isa,
Eu só disse que estranho, não que tenho medo. Além disso se houver brownies e seios não há por onde errar.
A minha tinha o cartão da escola, 175 escudos para a senha do almoço e fotografias de metade das raparigas da escola.
O que já dava para de vez em quando trocar pelas sandes mistas do Micas.
Sim, que ao Micas ninguém propunha trocas de fotos.
- Só de sandes, por fotos.
Por acaso tive um colega que dizia, com orgulho, que estava a fazer uma base de dados das miúdas que "conhecia" no mIRC. A única coisa positiva desta história é que esse tipo não era eu. Por estranho que pareça.
LOL!
- Uma base de dados de gajas! Ele agora é o dono do Youporn, não é?
Se o Youporn fosse um conjunto de fotografias absolutamente banais com uma resolução baixa - e algumas delas scanadas da TV Guia - então sim, até podia ser.
Título excelente e texto magnífico.
Tens em ti uma adolescente mimada e confusa?
“navalha pelo fio da qual faço justiça” justiça poética!
vou fazer-vos um favor ao não falar de carteiras.
O título vem da música Eu Sou O Anjo Do Desespero dos Mão Morta. Que eu não quero que confundam a genialidade dos outros com a minha diatribe.
E sim, tenho uma adolescente mimada e confusa mas não está em mim, está fechada na mala do carro. Não digas a ninguém.
sim, eu reconheci. gosto muito.
Não te preocupes, eu não conheço ninguém e a adolescente não pode falar, o teu segredo está bem guardado.
Que fazes tu com uma adolescente muda dentro do carro, AD?
Tenho de me entreter... e a playstation está avaraida há imenso tempo.
Avaraidos estamos todos um bocadinho.
Enche-me de felicidade constatar que a palavra "sacana" ainda está viva.
Essa e outras suas sinónimas são palavras bem vivas em salas onde eu estou presente.
Eu estou almareada, é o mesmo que avairada mas com sotaque.
Eu gosto desta palavra Energúmeno, uso-a com todos os molhos. E Pulha também é lindo.
"Super hiper mega rififi" também é giro.
Também gosto bastante de "pulha". E de "bandalho".
Estão a falar de mim, não é? Nesse caso permitam-me sugerir "biltre".
Paspalho pendurado num galho feito espantalho.
AD,
Bem querias, mas não, não estamos a falar de ti.
Não estavam a falar mas estavam a pensar.
AD,
Sabes perfeitamente que quando penso em ti as únicas palavras que isso me inspira são:
Possante, insigne, prodigioso, Vigoroso, sobrenatural, carrossel, Oreos, fofinho… A lista é longa.
Então o teu TPC é fazeres uma composição, utilizando tudo isso, para eu... err... corrigir durante o fim de semana.
Sim senhor professor!
Posso usar esta palavra também?
Tem que ser este fim-de-semana? Não vou estar cá. Posso tentar escrever no comboio se me deixarem em paz.
Conta para a nota?
Claro.
Não, vai lá brincar com as tuas amigas.
Claro.
Ah ah ah ah ah ah
Claro como em Lustroso?
Não gostas de interpretar as coisas à tua maneira? É como naquilo que quiseres, não quero ser eu o culpado da morte de orfãozinhos.
isto: "tirava já a navalha que habitualmente transporto na meia, pelo fio da qual faço justiça" é lindo. e como não gosto de coisas lindas vou mudar a palavra navalha e vou fazer um filme pornográfico de acção.
AD,
Ah ah ah ah ah ah
Bem então se falas na possibilidade de matar orfãozinhos, eu percebi isto ao contrário.
Claro.
A,
Ideia fantástica.
A,
Isso era genial. Mas já não havia um filme em produção?
Nawita,
Não sei, tu às vezes tens processos de raciocínio mais alternativos que o meu.
Tens tanta mas tanta razão.
A,
Queres ajuda para o teu filme?
Sabem que se continuam a falar publicamente em matar orfãozinhos podem vir a ter problemas com as autoridades, não sabem?
Estou só a avisar.
Porque sou boazinha e vossa amiga.
Eu deixei bem claro que nada queria ter que ver com o desaparecimento dos referidos orfãos.
Pois, AD, mas tanto é ladrão quem vai à horta como quem fica à porta.
Ou qualquer coisa assim.
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