Triciclo horizontal

Desde que na espécie humana foi possível distinguir a olho nú o macho da fêmea que o primeiro procura juntar duas das últimas em regabofe valente naquilo que se vulgarizou chamar de ménage à trois, triciclo horizontal, ou ter dois catetos pendurados na hipotenusa. E tão antigo e comum quanto esta demanda é o ar ligeiramente enojado da mulher que se pergunta "Porquê?", abanando reprovadoramente a cabeça.

O que me causa estranheza é que o cérebro feminino, habituado a conceitos complexos como as cores fúscia, turquesa ou casca d'ovo, que o cérebro masculino nem sequer consegue processar, tenha dificuldade em compreender um princípio tão básico quanto este. E isto porque o homem é uma criatura simples para quem melhor que uma mulher é a mesma mulher (não necessariamente, mas vamos supor que sim para efeitos de poupança de penicilina) mais uma. Permitam-me demonstrar através da seguinte equação que, penso, tornará tudo mais claro:

sendo que m = mulher, então 2m > m

Pois que seja esta fórmula, fruto de anos de investigação em video clubes e na internet, a minha obra, o meu legado, o meu contributo para a humanidade. Que com ela encurtemos então as distâncias entre nós, dêmos as mãos, fomentemos o entendimento, a paz e o amor entre os homens e as mulheres - num rácio de duas para cada um, claro.

The beautiful people

Eu, que segundo os meus pais estive quase quase a ser baptizado como Quasimodo - e uma vez que nunca o cheguei a ser a possibilidade ainda está em aberto -, sempre supus que as pessoas bem parecidas fossem, por natureza, bem dispostas. Afinal, graças à simetria dos seus rostos e aos seus corpos bem torneados e livres de camadas adiposas, a generalidade da sociedade considera-os mais dignos de amor e atenção que os outros comuns mortais que como eu têm uma aparência semelhante a um acidente rodoviário do IP4. Por isso é com algum espanto que verifico que, julgando pelos modelos fotográficos, ser bonito é, na verdade, uma chatice. Na realidade, tão entediante quanto tentar explicar a um pensionista que se diz "euro" e não "ério", "euró" ou "aéreo", e o perpétuo ar de "been there, done that, got the t-shirt" não mente.

O beco mais bem frequentado da cidade.

Sorrir não é cool.

Imperturbável apesar de ter sido apanhado no túnel de vento da NASA.

Eu tenho um ar idêntico, é verdade, mas porque as agruras da vida me tornaram num autómato desprovido de qualquer emoção humana e incapaz de sequer murmurar uma única palavra que não esteja injectada de bílis. Fosse a minha profissão esparramar-me para fotografias nos intervalos das inalações de coca e seria com certeza uma pessoa bem mais positiva. E tivesse eu rebanhos de jovens senhoras pedindo-me que lhes fertilizasse os ovos e estou certo que, mais tarde ou mais cedo, seria capaz de esboçar um sorriso.

Porquê chorar? Bem, a razão parece-me óbvia...

Apreciem. Deleitem-se. Coisem-se.



Podem dizer muita coisa deste senhor, mas a sua higiene pessoal é impecável.

CQD

Hoje pretendo demonstrar uma velha teoria. Para o efeito vou escolher, de forma completamente aleatória, um qualquer já-não-tão-jovem e anónimo programador e uma qualquer Scarlett Johansson:


Agora vamos ver o que acontece:


Ora cá está, como se queria demonstrar há uma ténue linha entre o amor e o ódio.

A Bebé Fez Uma Coisa Má Má

Passei a Páscoa, como tantos outros portugueses, a ver video clips do Chris Isaak. Por duas boas razões: Helena Christensen e Laetitia Casta, ambas semi nuas, em Wicked Game e Baby Did A Bad Bad Thing respectivamente. Notam aqui um padrão? Pois.
O que eu gostava de saber é qual é o processo criativo deste senhor. Será que primeiro ele decide qual é a top model que quer ver desnuda e só depois escreve a música ou será que uma vez concluída a obra ele vai a um desfile da Victoria Secret, abeira-se duma miúda jeitosa e lhe diz coisas como "olá bebé, eu sou famoso e faço músicas e assim... queres tirar a roupa?" Se sim, e seguindo esta linha de raciocínio, conseguirei eu fazer o mesmo? "Olá fofinha, eu administro imensos gigabytes, queres ficar pelada?" A experiência, bem como duas ou três ordens de restrição e uma sessão de esclarecimentos na PJ, dizem-me que não. Mas como a esperança é a última a morrer, alguém sabe o número da Giselle Bundchen?

Uma manhã na vida de um indivíduo a quem, eufemisticamente, vamos chamar de distraído

7h00 - acordar / resmungar / carregar no snooze
7h05 - carregar no snooze
7h10 - carregar no snooze
7h15 - carregar no snooze
7h20 - carregar no snooze
7h25 - levantar
7h26 - catar ramelas
7h30 - fazer a barba
7h40 - tomar duche
8h00 - engomar (mal) a camisa que vou usar
8h10 - vestir-me
8h14 - perguntar-me como é que consigo estar tão atrasado se até acordo cedo
8h15 - sair de casa
8h25 - chegada ao local de trabalho
8h30 - reunião diária
8h45 - tomar café
8h55 - tomar outro café
9h10 - fechar braguilha

É estúpido?

É. E por alguma razão faz-me lembrar um qualquer jogo de plataformas para Spectrum. Talvez seja a música.

Jaz tombada a grande epícea

Já muito se disse sobre os Tokio Hotel, sendo que a maior parte foi por adolescentes histéricas aos gritos e sem grande coerência. Então que mais há a dizer sobre aquilo que parece ser o fruto bastardo do amor entre a Christina Aguilera e um porco espinho?

Demorei 3 horas e 20 minutos a fazer isto.

A única coisa que me ocorre é "bem feito!" Se a minha geração teve que sofrer é apenas justo que esta pague também pelos seus pecados. No meu tempo os corações das jovens, bem como outras partes da sua anatomia, palpitavam por coisas como:

Bros

Parece um poster da juventude hitleriana mas não é. São só dois irmãos louros que cantam. E um outro tipo qualquer. Melhor que isso, aos olhos das hormonais meninas de calças Uniform e polos da Benetton, só o Tom Cruise e o Val Kilmer a jogar voleibol em tronco nu no Top Gun.

Se a memória não me atraiçoa, chamavam-se Luke, Bo e Daisy. Mas posso estar a fazer confusão com Os Três Duques.

New Kids on the Block

Esta... vamos chamar-lhe banda, que, julgando pela fotografia, parece ser composta por um tipo que está amuado, pelo Rainman, por outro que parece horrorizado por fazer parte dos NKotB, por um jogador de basquete e pelo irmão mais novo do Vanilla Ice, abriu caminho para toda uma miríade de agrupamentos de indivíduos sem particular talento como veículo de música (e uso este termo no seu sentido mais lato) genérica e vazia que tanto sucesso tem tido ao longo dos tempos junto do público feminino juvenil.

Se um dia uma dessas coisas a que chamam bandas musicarem frases como "jaz tombada a grande epícea" a gente fala. Até lá cerrem os dentes e aguentem-se à bronca.

The secret of the ooze

Ao longo da minha vida já gastei muito dinheiro mal gasto, como com ténis de marca Rhodes, casinos online e jantares com bulímicas.

Mas acho que não me arrependo tanto de nada como disto:




Sim, eu paguei para ver isto. E no cinema, à vista de toda a gente. Mais idiota é se pensarmos que se tratam de sequelas de filmes cujos episódios anteriores eu não tinha visto. Em minha defesa tenho o facto de na altura ter o pensamento toldado pelo acne juvenil e de não ter sido minha a ideia de ver estas fantásticas obras cinematográficas.

Pff... quem é que eu quero enganar? Não há desculpa possível para isto.

La piovra

Que os japoneses tenham um especial fetiche por colegiais eu até percebo. Afinal que homem no seu perfeito e heterossexual juízo não gostaria de corromper uma jovem de ar inocente, seios volumosos e saia às pregas? Mas que os mesmos senhores adicionem tentáculos às suas fantasias já me custa um pouco mais a compreender. Qual é o apelo erótico do tentáculo, seja ele de um alienígena ou de um cefalópode? A menos que se seja o Dr. Octopus não estou a ver. E, por alguma razão, no 9 Semanas e Meia o Mickey Rourke não tentava estofar a Kim Bassinger com lulas recheadas ou com uma saladinha de polvo.
A sério, quem é que tem estas ideias? Melhor, quem é que paga por elas? É que se houver dinheiro para ser feito com coisas que a) não fazem sentido, b) são nojentas e/ou moralmente condenáveis ou c) ambas as supracitadas, eu quero entrar nisso. Como teaser, caso esteja algum empresário nipónico do sector do lazer a ler isto, deixo aqui estas palavras: colegiais, anões, lémures mutantes radioactivos, utensílios de cozinha. Brutal! Fico à espera do vosso contacto. Domo arigato e sayonara.