A culpa é do Joaquim Letria

A pior coisa que se pode ver na televisão, para além de qualquer filme que tenha a Madonna como protagonista, é - e agora digam todos em uníssono comigo que eu sei que vocês sabem isto - programas de apanhados. Então, e visto que esta é uma verdade indesmentível com bases empíricas, porque é que a SIC contempla quem pelo seu canal passa, em horário nobre, com estes programas? O país viajou no tempo de volta aos anos 80 e eu não dei por isso?
Levanta-se então uma questão: porque é que a Sociedade Independente de Comunicação nos odeia? Ainda nós estávamos a pensar se os devíamos perdoar pelos Malucos do Riso e respectivos sucedâneos, e já eles estavam a pôr o Pedro Miguel Ramos, já mau por si só, a apresentar vídeos caseiros de pessoas a levar pontapés entre as pernas ou a cair, algo que deixou de ter piada há mais de 10 anos, se é que alguma vez a teve - mas que nos faz pensar, isso sim, que é a própria SIC que, com este tipo de programação, nos golpeia nas zonas intímas.
"Bom, pelo menos pior já não pode ficar" dizem vocês. E mais valia estarem calados, porque há agora um programa em que crianças "apanham" outras crianças! É a fórmula mini-malucos do riso, pega-se numa parvoíce e diminui-se o tamanho dos participantes. Infelizmente não se diminui a parvoíce.

Caldo!

Não me compreendam mal. Eu gosto de ver mulheres nuas tanto quanto o próximo ainda-mais-ou-menos-jovem heterossexual, mas será realmente necessário que tanto a SIC como a SIC Radical transmitam à mesma hora os mesmos programas sobre strippers e prostitutas, nenhuma delas particularmente atraente, umas com ar de quem tem mais componentes plásticas que orgânicas e outras que se apresentam como excelentes candidatas a ser o paciente zero da próxima grande peste? É nestas alturas que sinto falta do Colpo Grosso e do seu azeiteiro apresentador com bigode à porn star dos anos 70.

Machete

Quem é que teve a brilhante ideia de pôr o Gary Sinise como bom da fita no CSI Nova Iorque? A resposta é simples: provavelmente o próprio Gary, já que ele é produtor da série. Mas isso faz tanto sentido como dar o papel de Don Corleone ao Poupas. Simplesmente não funciona. O Gary Sinise, para bem ou mal, nasceu com cara de mau. Paciência. Azar. Tal como o Ray Liotta, que só pode fazer de psicopata ou mafioso, ou como o Danny Trejo (Machete!) que é sempre... bem, mexicano. Em qualquer episódio da série, para mim, o mistério resolve-se logo nos primeiros dois minutos: há um crime; o Gary Sinise está lá; logo é ele o culpado e qualquer outro resultado não é verosímel. Assunto arrumado, passem os créditos finais e vamos até Miami para nos rirmos um bocadinho.
Qualquer dia ainda temos a Jessica Simpson, ou outra dessas entidades acéfalas com o alcance dramático de uma bolacha Maria, a fazer de Marie Curie ou de Maria da Fonte. (Há muitas Marias na terra.) E, a menos que se trate de um filme do James Bond, em que as cientistas especializadas em física nuclear têm 22 anos e o corpo de uma top model, isso não é crível.

Arte II

Palavras para quê? A meio dos anos 90, era assim que me entretia durante as aulas de estatística:



Antes isto que andar metido na droga.

Ay! No es bueno!

No caso de, após um exame digital à próstata, o paciente querer uma segunda opinião, ele é dirigido para outro especialista ou o médico experimenta com outro dedo?

Arte

Nos longínquos anos 80, e demonstrando já um acutilante sentido plástico, criei esta obra:



Genial? Muitos diriam que sim. No entanto, um professor de Educação Visual, provavelmente libertando as frustrações de uma carreira mal sucedida como arquitecto sobre seus alunos, deu-lhe nota "R" de "Reprovado." Espero que esmagar os sonhos de uma criança de 11 anos o tenha feito sentir como um homem a sério.

If you believe they put a man on the moon...

Andam por aí muitos maluquinhos das teorias de conspiração que acreditam que o Homem nunca foi à lua. E fazem questão de nos provar por A + B que têm razão, com descrições pormenorizadas dadas por "especialistas" que mostram como a iluminação está errada e como o reflexo no visor daquele capacete está blá blá blá blá. Sim, porque passados 30 segundos já é só isso que ouço: blá blá blá e mais blá. Blá elevado ao expoente do enfado, até ao ponto de desejar ter um pionés cravado no escroto de forma a que a dor me distraísse do tédio. E isto porque, muito simplesmente, me estou nas tintas. O que é que me interessa saber se os americanos foram mesmo à lua ou se foi tudo filmado em Hollywood? Por mim até pode ter sido filmado com uma Super 8 numa cave escura e bafienta em Paio Pires que eu estou-me nas tintas na mesma. Mas, só por curiosidade, o que é que faziam se, de facto, ficasse provado que tudo não tinha passado duma farsa? Desqualificavam os Estados Unidos da competição de astronautas por equipas? Tiravam pontos ao cartão Galp do Neil Armstrong? Digam-me, o que é que faziam? Ok, o Michael Moore fazia mais um filme, mas sem ser isso? Não, esperem, não respondam. Estou-me nas tintas.

Uns têm mais exposição mediática que outros

Quando era petiz, do que eu gostava mesmo era dos menos conhecidos e mais alternativos desenhos animados da Abelha Azteca.

Miami Nice

Sou só eu ou mais alguém tem a impressão que o CSI Miami, com todas aquelas cores berrantes e flashes, é um ataque epiléptico à espera de acontecer?

My shit's fucked up

A sério? Fazer pipi para um copo de plástico? Em pleno século XXI é isto que temos para oferecer em matéria de recolha de amostras para análises médicas? Se o Horácio de Miami consegue descobrir que o mau da fita comeu um pepino estragado em mil nove e oitenta e quatro através do cuspo deixado no selo do cupão que mandou para o Preço Certo, porque é que a medicina moderna ainda precisa que eu urine para um receptáculo? Receptáculo esse – transparente, claro está - que, uma vez cheio, até à borda que eu não quero que lhes falte nada, tenho de transportar, denunciando o meu acto a quem comigo se cruze. Todos o fazemos, é certo, mas ninguém precisa de ser lembrado disso. O xixi deve ser feito em sanitas, urinóis e paredes. Nunca em diminutos copos de plástico. Vejam lá isso, se faz favor.