2004-12-27

Silenzio

Dizem as estatísticas que no Natal a taxa de suicídios sobe em flecha. Alegam os entendidos que é porque nesta época as pessoas tristes e sós se sentem ainda mais tristes e ainda mais sós, mas ninguém me tira da ideia que o verdadeiro motivo por trás desses suicídios são as canções de Natal. Afinal, quantas vezes será humanamente possível ouvir o "Last Christmas", o "White Christmas" ou a selecção de cânticos natalícios do Coro de Santo Amaro de Oeiras antes de perder o amor à vida, por mais bela e completa que ela seja? Eu próprio, que, apesar do que é veiculado por pessoas mal intencionadas, sou uma pessoa sã e equilibrada, tentei cortar os pulsos à dentada enquanto vagueava por uma superfície comercial que insistia em presentear os seus clientes com "música da época", e isto já depois de ter tentado furar os tímpanos com um pau afiado.

E se os suicídios aumentam um pouco por todo o mundo imaginem então na Suécia, a capital mundial da modalidade. E quem é que os pode culpar? Mesmo para viver a mais simples das existências o Homem precisa de sonhar, de almejar algo mais. Mas a que mais é que um sueco pode aspirar? Têm um país civilizado, carregadinho de suecas e, ainda por cima, são uma potência mundial do curling. Juntem a esta falta de objectivos de vida as deprimentes músicas da época festiva que passou e temos um período muito bom para a indústria funerária à espera de acontecer. É que se os cânticos do Coro de Santo Amaro de Oeiras já são maus, então os do Coro de Santo Amaro de Estocolmo devem ser piores ainda.

Mas posso estar enganado. Já tem acontecido.

2004-12-17

Why everybody's peeking on me?!?!

Já alguma vez se sentiram perseguidos? Eu ultimamente tenho estado a reparar que as coincidências já são muitas e que a minha vida poderá estar a ser vigiada por uma entidade misteriosa omnipresente sempre que saio à rua, sim, porque, que eu saiba, ainda não têm a necessidade de me vigiar dentro de portas, mas pelo sim pelo não, os estores do meu quarto estão sempre fechados, não vá o Diabo tecê-las.
Vou explicar o porquê do início desta desconfiança, como professor do secundário há quase uma década é natural que já tenha tido centenas de discentes, agora o que eu acho bastante estranho é que sempre que saio de casa encontro pelo menos um desses ex-alunos. O que começo agora a desconfiar é que se calhar eles são meros soldados duma organização clandestina destinada a controlar a minha vida. Agora a dúvida que me assola a mente há muito tempo é: Quem?!?! Quem no seu perfeito juízo acharia que eu sou assim tão importante?!? A única hipótese é a Scotland Yard devido a um misterioso roubo ocorrido num pub londrino no Verão de 2000, ao qual eu continuo a dizer que não há provas que fui eu que "desviei" o produto, mas mesmo assim era muita coincidência.
O que me levou a despertar a atenção foi há cerca de 3 semanas quando me encontrava em mais uma aula, um aluno virou-se para mim e disse que me tinha visto na véspera num Centro Comercial o que eu estranhei já que eu entrei e saí demorando menos de 10 minutos naquele espaço comercial. Mas não foi só isso, ele disse-me que me via sempre que lá ia e após eu lhe perguntar o que ele fazia lá, ele apressadamente desviou o assunto e acabou por simular uma discussão com um colega. Hummmm... deixou-me pensativo.
Mas quem quer que seja essa pessoa que controla essa organização altamente secreta, já começou a cometer erros. Imaginem que um ex-aluno, chamemos-lhe Humberto, já que é o nome pelo qual o conheci (apesar de desconfiar que seja falso), há uns anos atrás encontrei-o a varrer o chão duma cadeia de fast-food numa tentativa de passar despercebido junto à mesa onde jantava com amigos (talvez numa tentativa de escutar a conversa), mas qual não é o meu espanto em encontrá-lo agora como bombeiro na GALP, mas isso não foi o mais estranho, o mais estranho foi que eu sempre tinha notado uma certa incapacidade mental para algo mais do que varrer o chão demonstrada nos tempos em que era meu aluno, mas agora comportava-se como um óptimo bombeiro, colocando a quantidade exacta de gasolina na minha viatura e escrevendo freneticamente na caixa (lembro-me que há uns 4 anos atrás, ele escrevia com um dedo à média de uma tecla de 10 em 10 segs). O erro foi cometido, tudo isto é uma farsa! Agora sim, foram desmascarados e um homem prevenido vale por dois.